No segundo dia de audiências de instrução e julgamento do caso Daniel, que estão acontecendo no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, sete testemunhas foram ouvidas, advogados bateram boca e algumas novidades surgiram.
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Pela manhã, três testemunhas sigilosas, amigas de Allana Brittes, uma das rés, foram interpeladas. O advogado Claudio Dalledone, que defende a família Brittes, conseguiu junto à juíza Luciani Regina Martins de Paula que Allana e sua mãe, Cristiana Brittes, assistissem a tudo sem algemas nos pés e nas mãos. Já Edison Brittes, réu confesso do assassinato do jogador Daniel Correa Freitas, ficou com algemas somente nas mãos.
Ao final dos depoimentos da manhã, Dalledone e o advogado Nilton Ribeiro, que está ao lado da família de Daniel como assistente de acusação, bateram boca no corredor, por causa de uma frase atribuída a Cristiana por uma das testemunhas: “Se for para matar, mate lá fora”. Os dois brigaram por causa do contexto da frase, que embasou a denúncia do Ministério Público contra Cristiana por homicídio. E Dalledone tenta a todo custo tirar de Cristiana e Allana a acusação de homicídio pois, segundo ele, conforme os relatos das testemunhas, elas não se envolveram com o homicídio em si.
Tarde
Depois da pausa para o almoço, foi a vez de familiares de Daniel serem ouvidos. Primeiro foi a mãe, Eliana Correa Freitas, que encarou os réus de frente. Dalledone a questionou se ela sabia que Daniel e mais quatro amigos tinham um grupo de WhatsApp, onde marcavam baladas juntos e postavam fotos das meninas que ficavam. Eliana disse que só tomou conhecimento deste grupo depois que Daniel morreu e deu graças a Deus que ele existia, pois foi através dele que o assassinato se esclareceu.
Depois veio a oitiva da tia de Daniel, Iolanda Regina, irmã de Eliana, que foi permeado de lembranças dolorosas. Nestes momentos, Cristiana mostrava dor e tristeza no olhar. Já Allana ficou com os olhos atentos, sem piscar, olhando para Iolanda, quando falava dela.
Iolanda mostrou como as informações chegaram à família desde o momento em que ainda tratava-se de um sumiço do jogador, até o momento que descobriram que os Brittes – que telefonavam prestando condolências e oferecendo ajuda – eram os suspeitos do crime. “Allana ligava toda solícita, se mostrando amiga, dizendo que estava ajudando. Depois da confirmação da morte do Daniel, a Allana também chorou ao telefone. Pensamos que ela estava sofrendo tanto quanto nós. Já quando os Brittes passaram a ser suspeitos, mas ainda não estavam presos, o próprio Edison ligou pra minha irmã, dizendo que como a filha dele era muito amiga do Daniel, ele estava oferecendo toda a ajuda possível. Ficamos atônitos com a ligação”, disse Iolanda.
Sofrimento à prestação
A tia ainda contou que, no início, pensaram que se tratava de um acidente de trânsito. Depois, quando souberam que Daniel teve o pescoço cortado, pensaram que era um assalto. Até que souberam que o pênis do rapaz tinha sido decepado e poderia ser um crime passional. Depois viram na televisão a acusação de que Daniel foi morto porque tentou estuprar Cristiana. Quando o corpo do jogador seguiu para Minas Gerais para o sepultamento, a família pediu, na sequência, que o pênis do rapaz também fosse enviado para ser enterrado junto com o corpo. “Nós sofremos a morte do Daniel várias vezes. Cada fato novo era mais uma dor”, disse a tia.
Num dado momento da audiência, os advogados Nilton Ribeiro e Claudio Dalledone bateram boca e a juíza mandou, aos gritos, que os dois se calassem e se respeitassem.
Selinhos
Outro depoimento que tumultuou a tarde foi de um amigo de Daniel, Lucas Muner (um dos integrantes do tal grupo de Whats App), que falou que Cristiana tentou lhe dar um selinho no final da festa de aniversário de Allana, na Shed. Mas ignorou porque era mulher casada. Disse também que esteve numa outra balada, outra vez, onde encontrou mãe e filha. Cristiana estava sem o marido e teria ficado com um homem na balada. Lucas disse que não relatou isto à polícia, durante o inquérito policial, porque estava com medo. O depoimento fez o clima esquentar, com Dalledone tentando apertar Lucas sobre os tais beijos. Lá fora, à imprensa, o advogado chamou Lucas de mentiroso e tumultuador de processo. Mas Lucas afirmou, na oitiva, que se puxassem as imagens das câmeras da Shed naquela noite iam ver os beijos de Cristiana na casa.
A última oitiva foi a de Bruna Larissa Ferreira Martins, a jovem com quem Daniel teve um breve relacionamento e nasceu a pequena Alice, hoje com 2 anos. O depoimento de Bruna não durou 10 minutos. Ela apenas contou como era o seu relacionamento com Daniel e que o jogador era um rapaz muito educado, carinhoso, nunca havia lhe faltado com o respeito, muito amável com a filha. Daniel estava bancando suas contas para que ela pudesse terminar a faculdade de Direito com tranquilidade, curso que ela concluiu no fim do ano passado.
A audiência deve continuar nesta quarta-feira, a partir das 9h. Espera-se que o delegado Amadeu Trevisan e mais três investigadores sejam ouvidos logo pela manhã, como testemunhas de acusação.
+ Confira o desenrolar dos acontecimentos:
Outubro
Sábado (27): Ex-jogador do Coritiba é encontrado morto em São José dos Pinhais
Quarta (31): Corpo de Daniel é velado em Minas Gerais
Quarta (31): Daniel foi espancado antes de ser morto, diz testemunha
Novembro
Quinta (1): Suspeito de matar ex-jogador é preso, junto com esposa e filha
Sexta (2): Conversas de Whatsapp apontam que filha de suspeito fez contato com família de jogador
Sábado (3): Saiba em que condições está presa a família Brittes, acusada da morte do jogador Daniel
Segunda-feira (5): Rapazes que testemunharam morte do ex-jogador Daniel devem depor nesta semana
Terça-feira (6): “A família está mentindo”, diz delegado após depoimento de mãe e filha
Terça-feira (6): Novos depoimentos desmentem estupro do jogador Daniel
Quarta-feira (7): ‘Daniel foi assassinado com requintes de crueldade’, diz promotor
Quarta-feira (7): Celular de Cris Brittes é entregue à polícia
Quarta-feira (7): Veja o que Edison Brittes disse à polícia em depoimento nesta quarta
Quinta-feira (8): Cris e Allana Brittes são transferidas para presídio feminino em Piraquara
Sexta-feira (09): Moto ostentada por Brittes era de traficante, diz delegado
Sábado (10): Família Riqueza: festa de aniversário de Allana Brittes custou R$ 30 mil
Domingo (11): Celular usado por Edison Brittes para dar pêsames é de um homem morto
Domingo (11): Imagens mostram Edison Brittes combinando mentira sobre morte de jogador Daniel
Segunda-feira (12): O que ainda não foi respondido sobre a morte do jogador Daniel
Terça-feira (13): Mãe do jogador Daniel registrou mentiras contadas por Allana em cartório
Quinta-feira (15): Legítima defesa? Entenda os detalhes jurídicos envolvendo o ‘Caso Brittes’
Quinta-feira (15): preso 7º envolvido na morte do jogador Daniel
Sexta-feira (16): Edison proibiu testemunha de chamar ambulância que poderia salvar jogador
Segunda-feira (19): Carro utilizado por Edison pra levar jogador até o local de crime está em nome de policial
Segunda-feira (19): Não sou amigo da família Brittes, diz Recalcatti à imprensa
Segunda-feira (19): Ministério Público abre investigação paralela contra Edison Brittes
Terça-feira (20): Após o crime, Allana Brittes combinou “festinha” com testemunha
Quinta (22): Saiba detalhes da morte do jogador Daniel revelados nos laudos do IML
Segunda-feira (26): Cristiana Brittes será denunciada por homicídio pela morte de Daniel
Terça-feira (27): Após mentir em depoimento, ficante do jogador Daniel é denunciada pelo MP
Quarta-feira (28): Acusação contra Cris Brittes é uma ‘aventura jurídica’, diz defesa
Dezembro
Sexta-feira (14): Ouça! Policial dá conselho a Brittes logo após a morte do jogador Daniel
Quarta (19): Cristiana Brittes tem pedido de prisão domiciliar negado pela Justiça
Janeiro
Quinta (10): Defesa apela ao TJ para tentar tirar Cris e Allana Brittes da cadeia ainda em janeiro
Segunda (18): Mãe do jogador Daniel chega e pede para depor em frente ao assassino do filho
Terça (19): Audiências do caso Daniel podem ser anuladas por ausência de advogado de réus
Juíza diz que prisão de operador do PSDB ‘foge ao alcance’ de Gilmar