O repórter Lucas Sarzi, da Tribuna do Paraná, participa esta semana de um curso de sobrevivência em áreas de conflito, promovido pelo Exército Brasileiro para jornalistas que podem vir a atuar como correspondentes de guerra ou ambientes hostis. Ele está no Rio de Janeiro, num quartel do Exército – cercado por oito favelas não pacificadas da cidade. E vai postar matérias, vídeos, áudios e até lives no Facebook, se o Exército permitir, para mostrar aos leitores os bastidores, os “perrengues” do treinamento, os medos, o alojamento, e muitas outras curiosidades.
Este curso não é aberto a todos os profissionais de comunicação. Apenas realizam aqueles que recebem um convite do Exército. Lucas foi convidado ao fazer uma matéria sobre fiscalização de explosivos, há algumas semanas.
Medo do novo
Segundo o jornalista, o Exército não revela o conteúdo do curso. Mas o repórter sabe que, depois disto, estará habilitado a ser não só um correspondente de guerra, mas também receberá capacitação para lidar com as coberturas jornalísticas do dia a dia, como protestos e manifestações violentas. O curso terá duração de cinco dias e ele já sabe que deverá haver muito trabalho em equipe, aulas teóricas e práticas do amanhecer ao anoitecer, atividades noturnas – tudo regado a muita disciplina. O treinamento será dentro do quartel, porém simulando um ambiente de guerra real.
Influência no dia a dia
‘Eu me lembro bem da cobertura que fizemos daquele 29 de abril, no Centro Cívico, que ficou conhecido como o ’Massacre dos Professores’. Naquele dia, nenhum de nós (jornalistas) tinha formação para estar ali. Ficamos muito perdidos, sem saber para onde correr, como se proteger. Se eu tivesse essa formação antes, teríamos sofrido muito menos. Eu poderia ter ajudado os colegas ensinando-os como agir, teríamos evitado feridos‘, lamenta Lucas, que presenciou, além dos professores, alguns de seus colegas machucados no meio da confusão.
Lucas também lembra de outra matéria que fez, cobrindo o toque de recolher na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), por conta da morte de um traficante da região. ‘Estávamos usando coletes balísticos. Mas adianta usar equipamento de proteção e não saber como agir, o que fazer numa emergência? E se tivéssemos sido surpreendidos por algo desagradável? E se tiver um tiroteio, o que eu faço? Me jogo no chão? Corro buscar abrigo? E se um colega meu é ferido, tiro foto pra matéria? Socorro ele? Corro pedir ajuda? E se eu optar por ficar e socorrer, o que faço com ele? Creio que esse curso vai me acrescentar muito, tanto pra vida profissional quanto pessoal‘, analisa o repórter.