“Bandido também envelhece”. A declaração é do delegado Rodrigo Brown, titular do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, sobre um grupo de cinco criminosos presos em um desmanche de carros na Grande Curitiba. Isso porque entre os bandidos estão dois idosos: Adércio José de Lima Soares, 66 anos, é a esposa, Ana da Luz Soares, de 69 anos. Além deles, foram presos ainda Altamiz da Luz Soares (36), filho do casal, Adriano Carlos de Lima (26) e Jonathan Graciano (25).

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A atividade ilegal era praticada dentro de uma chácara em Bocaiúva do Sul. “Eles levaram cerca de duas horas pra cortar um carro inteiro. Tiravam rapidamente as peças úteis e o que sobrava era logo descartado”, enfatiza o delegado. No local, a equipe apreendeu três veículos ainda inteiros, peças de automóveis, bem como latarias, módulos e vidros, além de partes de motores e diversos equipamentos e ferramentas utilizados na adulteração de veículos. E tudo isso na noite dessa quarta-feira (2).

“Esses suspeitos davam apoio logístico à outra ramificação da quadrilha que praticava furtos em agências bancárias e caixas eletrônicos. O foco deles era o furto e roubo de veículos e clonagem para que os automóveis pudessem ser utilizados nas outras abordagens criminosas”. Uma das placas falsas, inclusive, provavelmente foi fabricada na fábrica de placas falsificadas que funcionava em Pinhais, também na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e que foi descoberta pela polícia em junho deste ano. 

Investigações

As investigações começaram há cerca de três meses. A partir das diligências feitas para desvendar os crimes contra estabelecimentos bancários, o Cope descobriu que um Gol prata teria dado suporte a uma das ações.

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O veículo então passou a ser monitorado e, com isso, a equipe constatou deslocamentos diários entre São José dos Pinhais, também na RMC, e a chácara na região rural de Bocaiúva. E bastou a polícia se deparar com um Fox branco furtado algumas horas antes para se certificar de que o endereço servia como uma espécie de base para o cometimento de delitos. “Eles desmontavam de cinco a 10 carros por dia”.

Mina de “ouro”

Polícia encontra mochila com bloqueador de sistema. Foto: Átila Alberti

Na chácara havia pedaços de, pelo menos, 15 automóveis furtados ou roubados. Até remédios foram encontrados. “Pelo que nós verificamos até agora esses medicamentos estavam dentro de um dos carros que foram alvo da quadrilha”. Chama atenção que uma mochila bloqueadora de sistemas que também foi encontrada no local. “É um dispositivo fortíssimo. Ele emite uma radiação eletromagnética que danifica aparelhos de monitoramento por vídeo de agências bancárias, localizadores de veículos e até GPS, fazendo com que os criminosos possam agir com a maior tranquilidade”. O desmanche era ainda preparado especialmente para o fim ilícito, com isolamento acústico no forro e portas com a intenção clara de não chamar a atenção da vizinhança.

Dublagem de veículos

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O grupo também “esquentava” veículos. “Os suspeitos adquiriam automóveis sinistrados em leilões, depois roubavam outros iguais e implantavam nesses os sinais identificadores, peças que traziam as etiquetas e pedaços que tinham a marcação de chassi dos carros legalizados. Com isso o grupo conseguia fazer esses veículos com alerta se passarem por outros totalmente legalizados, provenientes de leilões”.

Bons velhinhos?

De acordo com a Polícia Civil, a chácara pertence ao casal de idosos. “Num primeiro momento parece maldade prender pessoas de mais idade, mas, quando o Cope chegou ao local, o homem imediatamente se escondeu em uma parede falsa, pegou um telefone dos mais modernos, avisou alguém da nossa presença e destruiu o aparelho em seguida”, esclarece Brown. Já a mulher soltou um cachorro da raça pit bull para dificultar o acesso dos agentes e conseguir mais tempo para a fuga do bando que, no fim das contas, terminou atrás das grades.

Além do Fox, os demais veículos encontrados na propriedade são uma Van e uma caminhonete S10, também da cor branca. Esses dois, no entanto, já estavam com as peças cortadas, junto com as demais latarias de outros automóveis.

Os cinco foram autuados em flagrante por associação criminosa, receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor e estão na carceragem do Cope à disposição da Justiça.