Nove pessoas foram presas numa operação da Polícia Civil que buscou desmembrar uma quadrilha especialista em roubo de cargas na manhã desta quarta-feira (22). As investigações, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), apuraram que as ações da quadrilha teriam causado um prejuízo aproximado de R$ 3,5 milhões para as transportadoras.
As investigações duraram pouco mais de dois meses e começou depois de um roubo no dia 7 de junho, às margens do Contorno Sul, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), quando foi roubada uma carga de carne avaliada em R$ 150 mil. Com o decorrer das investigações, os policiais descobriram que no período em que começaram a apurar a atuação do grupo, os bandidos teriam feito pelo menos oito roubos, todos na região de Curitiba.
O alvo preferido da quadrilha, segundo a polícia, eram as cargas de carne. “Principalmente por ser de fácil distribuição para os receptadores”, destacou o delegado André Feltes que ressaltou ainda que em alguns casos os bandidos ainda desistiam do assalto. “Viam o que tinha no caminhão, a nota fiscal, e avisavam o chefe do grupo, que decidia ou não se roubariam. Se desistiam, abandonavam o motorista e o caminhão e iam embora”.
No dia 1º de julho, um dos assaltos do grupo levou 10 toneladas de frios, também no Contorno Sul. Outros roubos também foram registrados nos dias seguintes e a última ação do grupo aconteceu no começo de agosto, quando o grupo abordou o motorista de um caminhão na BR-116, no bairro Tatuquara, em Curitiba, e o homem ficou como refém até o final da madrugada. Ele transportava cortes de frango que tinham como destino final o Rio de Janeiro.
Empresa do roubo
De acordo com o delegado, o grupo era extremamente organizado, com funções específicas para cada membro da quadrilha. “Havia uma divisão interna de funções, com responsáveis pela abordagem da vítima, outros pelo bloqueio do rastreamento do caminhão, tinha quem dirigia o veículo e também outros que mantinham o motorista como refém até que o transbordo da carga fosse finalizado”, detalhou André Feltes.
Os líderes do grupo, embora participassem de tudo o que os bandidos faziam, ficavam distantes. “Eram as pessoas que davam as ordens, literalmente. Nós conseguimos computar pelo menos oito ações, mas contabilizamos outras dez tentativas que acabaram não sendo concretizadas, em alguns casos porque o carregamento era de baixo valor”.
Até bloqueador
Com os bandidos, os policiais apreenderam oito veículos, entre eles um caminhão com câmara frigorífica, e também um bloqueador de sinal que era usado para evitar que os caminhões fossem encontrados num caso de rastreamento. Além disso, a polícia também encontrou uma arma e munições.
Dos nove presos, pelo menos sete já tinham antecedentes criminais, até mesmo por estupro. Agora eles vão responder pelos roubos, mas também por organização criminosa, porte de arma de fogo e corrupção de menores porque um dos integrantes do grupo era adolescente na época em que agiam. Alvos da operação:
1) Marcelo da Silva Oliveira, 36 anos, sem antecedentes criminais.
2) Luiz Eduardo Ferreira da Maia, vulgo Magrão, 34 anos, possuí registro criminal pelo delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
3) Mauro Nicolau da Silva Junior, vulgo Juninho, 22 anos, possuí registro criminal por ameaça e por embriaguez ao volante.
4) Marlon Silva Celestino dos Santos, vulgo Cabelinho, 23 anos, não possuí registro criminal.
5) Ramon Wilt Morais, que recentemente completou 18 anos, possuí, ainda quando adolescente, passagens por roubo e adulteração de veículo automotor.
6) Jonathan Rafael Wilt Gonçalves, vulgo Rafael, 27 anos, possuí registros criminais pelos delitos de lesão corporal e ameaça.
7) Werllan Alves dos Santos, 30 anos, não possuí registro criminal.
8) Humberto Freire Vilela, vulgo Beto, 51 anos, possuí registro criminal pelo delito de estupro.
9) Tiago Peixoto dos Santos, vulgo Gastrite, 32 anos, é natural de Santa Catarina, sendo que por ora, não foi possível se identificar eventuais antecedentes criminais.
Queda nos roubos
As ações da Polícia Civil fizeram com que os roubos de carga diminuíssem no Estado. Segundo o delegado Ademair Braga Junior, da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas (DFRC), se comparado com o ano passado, a redução foi de 70% em Curitiba e região. “O que caminha na contramão dos demais estados do país, onde houve aumento de 25%. Aqui no Paraná mesmo, alguns setores não registram ações há mais de um ano”, detalhou.
Segundo a polícia, o principal alvo das quadrilhas é o gênero alimentício. “Principalmente pela facilidade de passar essa mercadoria no mercado e aí também temos um importante alerta, pois o armazenamento desses produtos não é o correto, o que pode colocar a população em risco”, explicou o delegado, reforçando que as equipes da Polícia Civil estão de olho nas empresas (mercados e até mesmo churrascarias) que compram essa carne roubada.
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