Na CIC

Polícia tem dificuldade em entrar na Vila Corbélia pra investigar incêndio e mortes

Incêndio aconteceu na noite de sexta-feira (7), mas polícia acredita que só vai conseguir investigar o caso quando vila estiver pacificada. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Enquanto a região da Vila Corbélia não estiver pacificada novamente, a Polícia Civil não conseguirá investigar de forma completa o incêndio ocorrido no local na noite de sexta-feira (7) e os quatro homicídios e a tentativa de homicídio contra um motorista de aplicativo, ocorridas na região, após a morte do soldado Erick Nório. Pelo menos, esta é a percepção da própria Polícia Civil, que enviou uma equipe de policiais ao local neste sábado (8), mas não obteve sucesso ao tentar entrar na vila para iniciar as investigações, tendo uma recepção bem difícil junto aos moradores.

 

Conforme o delegado Osmar Feijó, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), somente a morte do policial militar já está com a investigação bem avançadas, pois ela já estava em curso quando as Moradias 29 de Março, dentro da Vila Corbélia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) pegaram fogo e o clima ficou tenso, com a população rejeitando a polícia lá dentro. Por conta disto, as investigações dos outros quatro crimes ficou prejudicada.

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Mortes relacionadas

Feijó mostra que, após a morte do soldado, no momento em que o local começou a pegar fogo, um homem identificado como Pablo foi morto a tiros. Moradores da região teriam dito que ele foi morto só porque tentou avisar as outras pessoas sobre o fogo e os incendiários pensaram que ele tentava avisar outros criminosos para fugirem dali. Então, os incendiários teriam soltado rojões pra disfarçar o barulho e mataram Pablo a tiros. No entanto, o delegado mostra que já havia uma investigação robusta contra o homem morto, mostrando que Pablo poderia ser autor de homicídios na região. Feijó, inclusive, já trabalhava num mandado de prisão contra o suspeito.

O outro caso teria ocorrido também logo após o incêndio, de um homem morto a tiros no local. Sobre este crime, ainda há poucas informações sobre autores e a circunstâncias em que se deu. Depois disto, um adolescente foi morto no bairro Fazendinha. Feijó diz que não há, momentaneamente, nada concreto que ligue a morte deste adolescente aos casos do Corbélia. Mas, pela proximidade geográfica e horário do fato, a hipótese será investigada.

O quinto caso que está com a DHPP é o de um motorista de aplicativo, que teria ido levar uma passageira no Corbélia, algumas horas após o assassinato do soldado Erick. Assim que deixou a jovem, seis ou sete homens começaram a seguir o carro, ele acelerou pelas ruas estreitas e acabou levando um tiro de raspão no pescoço. Ele foi internado e a polícia classificou o crime como lesão corporal grave.

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Mais uma possível vítima

O único caso que não foi confirmado pela polícia e o de que havia uma pessoa morta carbonizada na vila. A polícia fez um comboio ao local, com policiais civis, militares, peritos e o IML, para verificar a situação, mas não localizou nenhum corpo.

“Enquanto o local não estiver pacificado, não temos como mandar equipes policiais ao local investigar e colocar mais policiais em risco. Até que tudo fique calmo e as pessoas decidam falar, nos ajudar, creio que vai tomar um tempo”, lamentou o delegado.

Feijó ressalta que vinham fazendo um trabalho focado no bairro CIC, que há até alguns meses, tinha cerca de quatro a cinco homicídios por semana. Mas, com o trabalho realizado, 13 líderes de tráfico da região foram presos, do começo do ano para cá, e a quantidade de homicídios estava caindo para uma morte por semana. “Estávamos conseguindo trabalhar bem no local, reduzir os índices, agora eu tenho cinco casos pra investigar na região, numa pancada só”, lamentou Feijó, mostrando o desafio que os investigadores terão pelas próximas semanas.

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