A Polícia Militar (PM) pediu desculpas pela morte do jovem Leonardo Henrique da Rocha Brandão, 18 anos, durante o acompanhamento da torcida do Coritiba que seguia para o Atletiba, na tarde deste domingo (19). “Uma grande tragédia que assola não só a família do jovem, mas também a toda a corporação da PM do Paraná”, disse o tenente-coronel Wagner, comandante do 12º Batalhão.
Segundo o comandante do sargento da Ronda Tático Motorizada (Rotam), que efetuou o disparo, o tiro foi acidental. O policial contou que foi colocar a submetralhadora na bandoleira, uma espécie de cinta que segura a arma, e percebeu que tinha disparado.
O rapaz foi socorrido e encaminhado ao Hospital Cajuru. Um dos policiais, que é enfermeiro há oito anos, ajudou no resgate. Enquanto passava por cirurgia, não resistiu. O disparo atingiu o peito de Leonardo, próximo ao coração.
Segundo a PM, logo depois do socorro, o sargento se apresentou ao 12º BPM e foi afastado das funções. “Durante 15 dias ou mais, ele deve ficar fora de qualquer atividade. Depois, caso fique comprovado que possa voltar a trabalhar, o sargento assume serviços administrativos até a conclusão do inquérito policial militar, que vai apurar os detalhes de como tudo aconteceu”, considerou o tenente-coronel.
Sem conflitos
Além do sargento, que tem mais de 20 anos de corporação, os policiais que estavam com ele também foram ouvidos. Diferente do que foi noticiado anteriormente, o comandante do 12º Batalhão esclareceu que não houve nenhuma confusão ou até mesmo briga entre torcedores, que pudesse motivar o disparo pelo policial. “Isso é importante frisar. Não havia nenhum conflito na hora do disparo”.
Ainda de acordo com o comandante do 12º Batalhão, os policiais usavam munições letais pois estavam prontos para outras situações que poderiam acontecer. “São policiais da Rotam, que atuariam na escolta dos torcedores, mas estavam prontos para qualquer outro acionamento que poderia ter durante o percurso”, defendeu.
Arma falhou?
A arma, que estava destravada no momento do tiro, tem pouco mais de 12 anos de uso. A submetralhadora foi recolhida e vai passar por perícia. Para o tenente-coronel, não está descartada a possibilidade de que tenha falhado. “O policial alega que não acionou o disparo, o que pode ter acontecido de forma não intencional. A arma pode ter disparado sozinha, mas isso vai ser apurado”, explicou.
O sargento, conforme disse seu comandante, está extremamente abalado com o ocorrido e, sob a avaliação do tenente-coronel, o pedido de desculpas da corporação não resolve o que aconteceu. “Mas o que aconteceu foi uma grande tragédia. E nós queremos mostrar para a população que estamos nos expondo para dizer que estamos tristes e que vamos apurar o que aconteceu”. O Inquérito Policial Militar (IPM) tem duração de 40 dias e pode ser prorrogado por mais 15 caso seja necessário.
Família destruída
Antes de enterrar o filho, Ademir Brandão disse que além da tristeza sente que precisa lutar por justiça. “Nossa família se despedaçou. Meu filho era bom, um menino que mesmo com a pouca idade já estava trabalhando, num lava car, e ajudava até nas contas de casa. O que aconteceu é inaceitável e nós não vamos deixar passar”.
Pela paixão pelo time e a partir do momento em que começou a ganhar seu próprio dinheiro, Leonardo tinha se tornado sócio do Coritiba. “Ele não costumava ir a todos os jogos, a gente controlava um pouco e ele ia aos mais importantes. Mas não estava lá fazendo bagunça ou atacando ninguém, estava feliz e aproveitando o domingo. O que aconteceu foi despreparo, uma arma não dispara sozinha”.
Leonardo foi sepultado no Cemitério Municipal do Santa Cândida, mas o que impressionou a família toda foi a quantidade de gente que acompanhou o velório. “Meu filho era uma pessoa boa e isso ficou refletido no velório, veio muita gente. Fiquei até surpreso de ver o quanto ele era querido e isso até deu um pouco de conforto pra gente”. A família pretende mover uma ação na justiça.