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Em operação, polícia prende suspeito de quatro mortes na Vila Nossa Senhora da Luz

A Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), voltou aos noticiários. Felipe Fernando Rodrigues, 22 anos, conhecido como “Preto”, foi preso na manhã desta terça-feira (28) em uma operação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga quatro assassinatos no local. O rapaz foi apontado como autor dessas mortes.

Conforme a DHPP, Felipe era o alvo principal da operação, mas, ao longo da ação na rua, um adolescente de 15 anos foi apreendido com 300 papelotes de cocaína e que vai responder por ato infracional de tráfico de drogas. Ao todo, além do mandado de prisão expedido contra Felipe, foram 15 mandados de busca e apreensão domiciliar.

As investigações da especializada apontam que o rapaz é integrante de uma das gangues rivais que atuam na Vila Nossa Senhora da Luz. “A rivalidade acontece por causa da disputa frequente pelos pontos de tráfico de drogas e pela liderança desses pontos. Várias mortes já aconteceram e nós descobrimos que, dessas, pelo menos quatro foram praticadas pelo mesmo rapaz”, explicou o delegado Fábio Amaro.

Em série

Essas quatro mortes investigadas tiveram relação com o tráfico de drogas. As investigações apontaram que o autor direto foi Felipe. “Ele seria morador da região e um dos comandantes do tráfico de drogas no local. Ele é bastante temido na região, executava a sangue frio a maioria das pessoas que não pagavam pelas drogas que compravam”, considerou o delegado.

O principal alvo, Felipe Fernando Rodrigues, conhecido como “Preto”, 22 anos, suspeito da prática dos crimes, foi preso. Foto: Gerson Klaina.
O principal alvo, Felipe Fernando Rodrigues, conhecido como “Preto”, 22 anos, suspeito da prática dos crimes, foi preso. Foto: Gerson Klaina.

Dos quatro mortos, Gabriel Pereira Soares, e Luis Henrique Moreira, ambos com 16 anos, foram assassinados entre os meses de outubro e novembro de 2016. “Luiz Henrique foi morto pelo simples fato de ter presenciado, um mês antes, a morte de Gabriel”, comentou o delegado. Pouco mais de um mês depois, em janeiro deste ano, Lucas Lenes dos Santos, 19, e outro adolescente, Nicolas Rafael Pereira Santos, 16, foram mortos.

Além da disputa pelo tráfico de drogas, o delegado disse que os crimes acontecem por uma competição interna entre os bandidos. “A maioria das mortes acontece para demonstração de poder dos comandantes do tráfico. Eles matam mesmo, muitas vezes apenas para mostrar quem manda mais e geral esse palco de guerra”.

Investigações

Felipe foi preso em casa e com ele foram encontrados 600 gramas de maconha, duas balanças de precisão, uma réplica de fuzil, munições ponto 40 e duas máscaras – utilizadas para intimidar as pessoas. O rapaz, na delegacia, preferiu ficar em silêncio.

Conforme a DHPP, Felipe vai responder pelos quatro homicídios e também pelo flagrante do tráfico de drogas e posse de munição de uso restrito. Os policiais apreenderam ainda rádios comunicadores, que eram usados pela equipe dos traficantes para avisar um ao outro quando a polícia entrasse no bairro.

Procurados

Polícia procura ainda Maycon Aurélio Machado, o "Mayquinho" (esquerda) e Fábio Fernando Lourenço de Lima (direita). Foto: Divulgação.
Polícia procura ainda Maycon Aurélio Machado, o “Mayquinho” (esquerda) e Fábio Fernando Lourenço de Lima (direita). Foto: Divulgação.

As investigações da DHPP apontaram ainda outros dois rapazes que são procurados por suspeitas de outras mortes na Vila Nossa Senhora da Luz. O nome deles é Maycon Aurélio Machado, o “Mayquinho”, e Fábio Fernando Lourenço de Lima. “Não conseguimos prender essas duas pessoas, que são jovens envolvidos em outros assassinatos na região, pelo mesmo motivo. O que nós pedimos é que a população denuncie”. O contato da DHPP é o 0800-643-1121.

Com a operação feita nesta terça-feira, o delegado tem a esperança de que os moradores passem a ter menos medo de passar informações importantes à polícia. “A gente espera que a situação se acalme e que as pessoas se sintam confiantes em denunciar. É importantíssimo que essa operação que fizemos surta efeito nesse sentido. Precisamos muito da população para elucidar os crimes contra a vida que aconteceram na vila”, ponderou Fábio Amaro.

O toque de recolher fez com que a vila amanhecesse vazia. Foto: Gerson Klaina/Arquivo.
Toque de recolher em 2016 já fez com que a vila amanhecesse vazia. Foto: Gerson Klaina/Arquivo.

À sombra do tráfico

Em julho de 2016 os Caçadores de Notícias mostraram a dura realidade vivenciada por moradores da Vila Nossa Senhora da Luz. Por lá, os moradores vivem à sombra do tráfico de drogas, que comanda a região há muitos anos. No ano passado, os moradores tiveram um dia de pânico depois da morte de Diandro Melanski.

O homem, apontado como um dos principais traficantes da vila, foi assassinado a tiros e depois do crime a população foi alvo de um toque de recolher. Na época, a Polícia Militar (PM) considerou como um boato, mas pelas ruas da CIC, o comentário era de que a ordem devia ser seguida. Os ônibus deixaram de circular, moradores deixaram de sair de casa e até escolas dispensaram alunos.

A Polícia chegou a fazer uma operação logo após o crime. A ação era um esforço para coibir a criminalidade e o clima de guerra na região. Na ocasião, foram duas pessoas foram presas. Acontece que, há décadas, na vila, o tráfico funciona como uma verdadeira empresa. “Por aqui, o comando do tráfico de drogas só vai trocar um nome por outro, não vai acabar”, disse um dos moradores já entrevistados pela Tribuna do Paraná.

Detalhes

Veja a entrevista completa com o delegado Fábio Amaro:

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