A identidade de uma pessoa suspeita de cometer racismo contra a confeiteira Janete Martins foi confirmada pela polícia. A mulher foi reconhecida pela vítima, mas o nome dela ainda não foi divulgado. Segundo a Polícia Civil, ela é funcionária de uma empresa terceirizada de prestação de serviços e trabalhava em um órgão público de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Atualmente, a mulher não atua mais no local.
Para a conclusão do inquérito basta apenas que o proprietário da linha telefônica usada nas ligações com ameaças – inclusive de morte – seja ouvido. O testemunho será colhido via carta precatória enviada a São Paulo no início de junho deste ano.
“Nós descobrimos que essa linha está em nome de uma pessoa com residência no Estado vizinho e agora queremos descobrir se há algum parente ou amigo dela que more ou esteja no Paraná e possa ter usado o número indevidamente”, explicou o delegado Messias Antônio da Rosa, que conduz o caso. O problema é que a resposta pode levar até um ano para chegar.
Reconhecimento
A polícia chegou até a suspeita com base no retrato falado elaborado a partir da descrição de Janete a respeito da mulher que esteve em sua casa na ocasião da primeira ofensa racial. “As características batem em 80% e a vítima foi categórica em afirmar que é a mesma pessoa”, disse o delegado.
Além de ser discriminada pessoalmente, a confeiteira recebeu bilhetes, mensagens de texto pelo Whatsapp e ligações no seu celular. “Isso tudo começou quando o caso veio à tona, depois que eu postei nas redes sociais, e só parou depois que as investigações avançaram”, desabafou a vítima.
Alívio
“É uma tranquilidade saber que as investigações estão adiantadas. Eu estava com muito medo por mim, pela minha família”, comemorou Janete. A mulher quer justiça. “Não sei se foi essa mesma pessoa que esteve na minha casa quem fez as ameaças depois, isso que vai descobrir é a polícia, mas não tem como ignorar uma coisa dessas”, disse.
O caso
Janete Martins sofreu, pelo menos, cinco intimidações. A primeira em janeiro deste ano, pessoalmente, quando uma suposta cliente desistiu de contratar os seus serviços por ela ser negra. Em fevereiro, um bilhete ameaçador foi deixado na caixa de correio dela.
Em março, um pacote de presente que escondia bananas e outro bilhete racista foi entregue para a mulher. As frases da ofensa foram escritas com letras recortadas de revistas. Ainda em março, outro ataque: começaram as ligações ameaçadoras e mensagens pelo WhatsApp.
No mês de abril, Janete foi vítima do quinto episódio de racismo. Era um novo bilhete, escrito outra vez com recortes de revistas e colado no verso de um papel preto, além de alguns chocolates.