A violência e o medo se fizeram presentes mais uma vez em um dos ônibus do transporte coletivo da Grande Curitiba. Na noite de sábado (5), por volta das 23h, um motorista da linha Curitiba/Piraquara da empresa Viação Piraquara, foi ferido com uma facada na região da cabeça, durante um arrastão no coletivo, feito por dois homens, um que portava um punhal e outro que estava armado com um revólver.
O motorista Pedro Cicero Likes, de 39 anos, o cobrador e os passageiros do ônibus foram abordados assim que os criminosos embarcaram no veículo, na Rodovia João Leopoldo Jacomel, região da Rua Betonex, no Guarituba, em Piraquara, quase no limite com o município de Pinhais.
“Eu estava no ponto e, quando parei para desembarcar um pessoal, eles entraram e deram voz de assalto. Um cara veio com a arma e colocou o revólver na minha cabeça. O outro, com um punhal, foi no cobrador e pegou o dinheiro”, contou, ainda assustado, o motorista, que já foi vítima de mais de 50 assaltos durante sua carreira.
Além do dinheiro das passagens, os bandidos ainda levaram celulares e pertences dos passageiros. Ainda de acordo com as vítimas, os homens estavam bem vestidos e não aparentavam oferecer perigo. No entanto, a agressão ao motorista aconteceu somente após uma confusão iniciada por algumas passageiras que seguiam na parte da frente do veículo e se assustaram com os marginais. O tumulto fez com que os assaltantes mandassem o motorista parar o veículo, e antes da fuga, atingissem o trabalhador pelas costas.
“Do nada, na hora de descer, ele tentou me atingir com um punhal. Mas, graças a Deus, eu conseguir me esquivar rapidamente e ‘pegou’ só a pontinha do punhal. Não sei se ele queria me matar, mas de brincadeira ele não estava”, relatou o trabalhador ferido. Apesar do grande susto, no entanto, o corte sofrido por ele foi superficial e o motorista passa bem, apesar de ainda estar amedrontado.
“Traz medo sempre, assalto é assalto. Sensação é de medo e insegurança. A gente sai para trabalhar e pede proteção para Deus, do homem a gente não tem muito. Agora vou mudar de horário”, disse Pedro.
Ação e prevenção
Em entrevista à Tribuna do Paraná, o vereador e diretor do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) Rogério Campos lamentou o ocorrido com o motorista. “Felizmente, foi algo que pegou de raspão. E se ele não dá uma pequena desviada, a gente não sabe o que poderia ter acontecido. Hoje a gente poderia estar velando mais um colega de trabalho”.
Campos também afirmou que medidas precisam ser tomadas para proteger os trabalhadores e os usuários do sistema de transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana. “A violência preocupa. A gente vê que a bandidagem não está cessando, que eles não estão dando trégua. Mas esta semana, eu estive reunido com o presidente do Sindimoc, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), o Sindicato Empresas Transporte Urbano Metropolitana Passageiros Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), a Polícia Militar e a Polícia Civil e nesta reunião foi instalado o primeiro Comitê Permanente de Segurança no Transporte Coletivo”.
Segundo ele, neste comitê, serão discutidas várias ações a serem tomadas, o que inclui um mapeamento de onde os crimes acontecem com mais frequência, para que medidas preventivas possam ser adotadas. “Nossa pauta principal neste momento é as câmeras de segurança. Se o ônibus tiver uma câmera talvez o marginal pense: “não vou agir agora porque vou ser identificado”. Esta é nossa principal intenção, que se evite a ação dos bandidos, que não aconteça. Mas se acontecer, com as câmeras, a polícia vai ter condição de saber exatamente quem foi”.
Ainda de acordo com o diretor do sindicato dos trabalhadores, a próxima reunião com os agentes de segurança deve acontecer em breve. “Durante esta semana nos vamos poder já mostrar novidades no transporte coletivo da região metropolitana, talvez já com alguma câmera sendo instalada”.