Os seis indivíduos presos no último sábado (25) pela Operação Pane Seca foram soltos nesta quinta-feira (30) e os outros dois que se entregaram durante a semana também receberão sua liberdade até amanhã (31). A Delegacia do Consumidor e o Ministério Público solicitaram a prorrogação da prisão temporária dos investigados à juíza responsável, mas o pedido não foi concedido e os envolvidos responderão em liberdade.
Enquanto isso, a investigação paralela que analisa a ligação entre a morte do fiscal Fabrizzio Machado da Silva e a operação também continua sem solução. Fabrizzio era o presidente da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC), entidade que denunciou a existência das organizações criminosas que atuam em Curitiba e Região Metropolitana (RMC). A suspeita é de que o crime possa ter sido motivado por vingança.
“Vendo a forma como ele foi morto, em uma tocaia bem planejada, seríamos até ingênuos em não considerar esse fato. Portanto, acho extremamente provável que a execução tenha vínculo com a atividade que ele desempenhava, mas ainda não sabemos se ocorreu devido às investigações da Operação Pane Seca. Temos que esperar a conclusão do trabalho realizado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa”, afirmou o secretário de segurança pública Wagner Mesquita.
Ainda que a ligação entre o homicídio e a operação não esteja confirmada, o secretário afirma que as ações da polícia foram adiantadas devido ao fato. “A morte ocorreu no dia 23, então deflagramos a operação já no dia 25 porque sabíamos que ele repassava informações ao Ministério Público, já que a atividade da associação em que ele atuava era a de levantar informações para detectar fraudes”, disse.
Fases da operação
Com isso, no último sábado o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep) fechou nove postos de combustíveis e prendeu oito suspeitos de integrarem as quadrilhas responsáveis pelas fraudes. Além disso, Delegacia do Consumidor (Delcon) cumpriu na última quarta-feira (29) mais 20 mandados judiciais durante a segunda fase da operação.
Nesta fase, as diligências aconteceram em Curitiba e Região Metropolitana, e também nas cidades de Ponta Grossa e Guaratuba, no Litoral do Paraná. “Foram encontrados cadernos de contabilidade que comprovavam a fraude, R$ 154 mil em dinheiro escondidos dentro de um balde em Maringá e ainda cerca de R$ 2 milhões em cheques, o que evidenciou a grande lucratividade do esquema”, enumerou o secretário.
As fraudes
Segundo Wagner, a investigação teve duração de seis meses e analisou mais de 50 postos suspeitos em todo o estado, constatando fraudes sucessivas realizadas por três quadrilhas. “Elas fraudavam a quantidade e a qualidade do combustível adquirido pelo cliente, pois misturavam grande quantidade de álcool e água na gasolina, e ainda entregavam uma quantidade menor do que a adquirida pelo consumidor”.
De acordo com o delegado Guilherme Rangel, da Delcon, em um dos postos analisados foram encontrados 69% de água e álcool na composição da gasolina. “A legislação permite no máximo 25% de álcool. Isso é um absurdo e a quadrilha chegou a esse ponto”.
Além disso, os responsáveis pelo esquema também instalavam um chip nas placas das bombas de combustível para realizar a contagem equivocada dos litros vendidos ao cliente. “O cliente recebia cerca de 6% a menos de combustível, e os responsáveis pelo esquema retiravam o que sobrava na bomba para levar a outro local e ludibriar a fiscalização”.