Moradores de um condomínio do bairro Água Verde denunciaram um esquema que eles próprios descobriram que pode ser ainda maior. Uma administradora, que era responsável pela gestão do residencial, é suspeita de desviar pagamentos. Além deste condomínio, outros também podem ter sido vítimas.
A descoberta se deu depois que alguns moradores começaram a perceber que as contas estavam atrasadas e as contas bancárias do condomínio estavam zeradas. Em seis meses, o prejuízo foi de quase R$ 120 mil, mas segundo o advogado Edigardo Maranhão, contratado pelos moradores, pode ser ainda maior. “Suspeitamos de que a empresa não recolheu FGTS e INSS dos funcionários, o que piora a situação”.
Na tentativa de pelo menos solucionar o problema, os moradores tiveram que parcelar algumas contas e dívidas que ficaram. O advogado contou que o dinheiro do condomínio era transferido indevidamente para a conta da empresa responsável pela administração do prédio. “Aos poucos, a empresa ia retirando, em pequenas parcelas, o que não se dava para notar”, explicou Edigardo.
De acordo com o defensor, a administradora chegou a forjar boletos, para que os valores pudessem ser depositados direto na conta da empresa, e ainda relatórios mensais. “Como agia aos poucos, os moradores demoraram a perceber. Mas chegou a um ponto que até conta de água e luz estavam atrasadas e aí todo mundo descobriu”, contou o advogado.
A suspeita dos moradores ficou ainda mais tensa depois que eles descobriram que a administradora pode não ter pagado ainda o fundo de garantia e INSS dos funcionários. “O condomínio, agora, vai ter que repor este pagamento e nós vamos denunciar a empresa para a Polícia Federal, porque houve desvio”.
O condomínio procurou a administradora, mas não teve nenhuma chance de recuperar o dinheiro. “A empresa nos mostrou um boletim de ocorrência (BO), dizendo que ela também tinha sido vítima de um golpe, mas ao final do BO dizia que não queria representar contra a pessoa denunciada, ou seja, fez uma falsa denúncia”, explicou o advogado dos moradores.
Na tentativa de recuperar o dinheiro perdido, foram feitos pela defesa vários pedidos judiciais. “Mas não temos garantia de nada. O que nós fazemos agora é esperar”, comentou Egidardo.
Mais possíveis vítimas
Em contato com outros condomínios, os moradores do prédio do bairro Água Verde descobriram que a administradora pode ter provocado prejuízos para outros prédios. “Acreditamos que sejam, pelo menos, uns 20 residenciais. Alguns condomínios também já estão tomando as mesmas providências que a gente e todo mundo está desesperado”.
O boletim de ocorrência (BO), dos moradores do Água Verde, foi registrado no 2º Distrito Policial (DP), onde o advogado descobriu que já existia outra denúncia de outro condomínio sobre a empresa. “Além disso, tem registro de BO no 8º DP e outros dois no 5º DP. O que nós esperamos é que as investigações nos ajudem a comprovar o que já sabemos”.
No Batel, o advogado Edigardo Magalhães contou que um condomínio só não teve prejuízo ainda maior, porque descobriram o golpe. “Mesmo assim, descobrindo antes, perderam R$ 20 mil. Agora imagina a quantidade de gente que não foi prejudicada”.
Empresa não se manifesta
Nesta quarta-feira (8), a Opcional Administradora de Condomínios, empresa denunciada, estava de portas fechadas. O contato via telefone também falhou, com uma ligação dizendo que o número não está disponível.
Júlio César Farias Poli, advogado que representa a empresa, preferiu não se manifestar por enquanto. Ele informou que as atividades da administradora foram suspensas nesta semana e uma auditoria interna foi instaurada.