O médico Raphael Suss Marques, acusado de matar a ex-namorada e fisiculturista Renata Muggiati, foi preso mais uma vez, dessa vez na tarde deste domingo (25), pela Polícia Civil. Agora, a suspeita é de que ele tenha agredido outra mulher, que diz ser uma ex-namorada, na sexta-feira (23).
Conforme o boletim policial, o relacionamento do casal durou pouco, sete dias, mas o término foi conturbado. A mulher contou que teria levado um tapa no peito, o que resultou em um hematoma. Ela também disse ter sido ameaçada com a frase “vou te arrebentar” e xingada de “maloqueira”, “piranha” e “lazarenta”.
Aos policiais, a mulher contou que os dois discutiam quando ele lhe deu um tapa. “Ela se desequilibrou, bateu o braço e se machucou. Ela não comentou nada sobre o crime que ele responde e nós também não invadimos a privacidade dela neste sentido, de perguntar o porquê de ela ter se envolvido com ele. De qualquer forma, ela nos disse que ele é uma pessoa agressiva, que ingere muita bebida alcóolica e é usuário de drogas”, contou a delegada Sâmia Coser, da Delegacia da Mulher.
Pai indignado
De acordo com o advogado Edson Abdala, que representa o médico, a história não foi assim. “Não houve qualquer violência. O Raphael estava pagando pensão e visitando a criança, mas, de uma hora para outra, a mãe parou e dar notícias do garoto e ainda excluiu o pai do Facebok e WhatsApp”, conta.
Segundo ele, isso teria acontecido porque o pai estava preocupado pela exposição da criança na internet. “Ela expõe o menor nas redes socais com fotos violentas. Inclusive, tem uma foto em que o menino está nu sendo beijado com batom vermelho em todo o corpo, até próximo ao pênis, e ela escreve que beijou as regiões púdicas do menino. Qualquer pai ficaria indignado”, afirma o advogado.
Diante dessa situação, ele teria ido à casa da mãe da criança para solucionar o problema. “Ele não admitiu uma situação dessas e queria resolver, mas quando chegou na casa foi agredido por ela. Só que a vítima acabou se tornando agressor. O que essa mulher fez expondo o menor é criminoso e nós já entramos com um processo contra ela”, informa Abdala.
Prisão
O médico foi preso em casa e levado ao Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Segundo informou a polícia, Raphael vai permanecer detido preventivamente, ou seja, sem data prevista para ser liberado. A mulher conseguiu uma medida protetiva, que foi expedida pelo mesmo juiz que analisou o pedido de prisão preventiva do médico. Enquanto isso, a defesa promete entrar com recurso para conseguir a liberdade de Raphael e a proteção do menor envolvido.
Veja a coletiva de imprensa:
Morte de Renata
Raphael é o principal acusado da morte da fisiculturista que teria caído do 31º andar de um prédio em setembro de 2015. Na época, o rapaz afirmou que Renata Mugiatti se jogou da janela do apartamento e que estava doente, com depressão. Apesar disso, o médico foi preso pouco tempo depois.
Conforme as investigações, laudos do Instituto Médico-Legal (IML) comprovaram que ela teria sido asfixiada antes da queda. Além disso, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) descobriu contradições nos depoimentos de Raphael, que chegou a ser solto por causa de um segundo laudo do IML que teria dito o contrário do primeiro, mas a exumação do corpo esclareceu as dúvidas e ele foi preso novamente.
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Em liberdade
Pouco tempo depois, Raphael foi solto pela segunda vez e respondia ao processo em liberdade. Várias testemunhas foram ouvidas pela DHPP e o inquérito finalizado, mas ainda sem definição de data para o julgamento. Ao juízo, a defesa sustenta a tese de que Renata se matou.
Para permanecer em liberdade, Raphael deveria seguir condições, entre elas estava a de que ele deveria estar em casa às 21h todos os dias. Em agosto desse ano um pedido foi feito pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) alegando que o médico infringiu a norma e deveria usar tornozeleira eletrônica para ser monitorado.
À época, em entrevista, por telefone, às equipes da RPC TV, o advogado de Raphael Suss Marques afirmou que ele não descumpriu nenhuma determinação. Segundo o advogado, o médico sequer foi notificado pela Justiça da imposição de estar em casa no horário informado. A defesa afirmou, ainda, que o médico é inocente e que a acusação não passa de uma “ficção”.
A delegada Sâmia Coser explicou ainda que são processos diferentes: o processo de lesão corporal, que Raphael responde agora, e o processo da acusação de assassinato de Renata Mugiatti. “De qualquer forma, ainda que ele seja liberado no procedimento da lesão corporal, pode acabar complicando a situação dele no outro procedimento. O juiz pode entender, por ele não ter cumprido as medidas cautelares, que ele precisa responder ao processo preso, então, isso pode agravar a situação”.
Aumento nas denúncias
A delegada destacou ainda que, neste período das festas do final de ano, aumentam os casos de agressão e, com isso, as denúncias também. O ano de 2016, conforme Sâmia Coser, manteve estatísticas estáveis, mas agora, com a chegada do verão, os números cresceram. “No dia de Natal, por exemplo, tivemos 10 flagrantes. Um número alto quando a média é de cinco”, detalhou.
Para a delegada, isso não significa que as pessoas estejam denunciando mais, mas sim que, com as festas de fim de ano, o consumo de bebida alcoólica e o período de férias, os episódios de agressões aumentem. “Para as festas de ano novo, por exemplo, já esperamos uma alta procura pelas denúncias, mas lá pelo dia 2 de janeiro. Nessa época as pessoas vão para a praia e a violência muda de lugar, mas não quer dizer que diminua”. O telefone da Delegacia da Mulher é o (41) 3219-8600.