“Nós já estamos acostumados com as constantes invasões, mas agora estão nos assustando de verdade”, definiu uma funcionária* do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Conjunto Mercúrio, na Rua Ladislau Mikosz, no Cajuru, em Curitiba. Na noite de terça-feira (1), bandidos abriram um buraco numa das paredes da escola e saíram com os alimentos da despensa. “Não seria tão assustador, se não fosse a segunda vez só nessa semana”, desabafou a profissional.
A primeira invasão dos bandidos foi na madrugada de segunda-feira (31). Quando os funcionários chegaram, pela manhã, encontraram a parede do berçário destruída e não puderam sequer receber os bebês por causa da bagunça na sala. Os bandidos levaram TV, rádio, cobertor e brinquedos.
Os funcionários e professores ainda não tinham nem listado tudo o que tinha sido furtado quando, na manhã desta quarta-feira, foram surpreendidos novamente com a audácia dos bandidos. “Dessa vez, abriram um buraco na parede da despensa. Como não tiveram acesso às outras partes da escola, fugiram com os alimentos que tínhamos recebido para a semana”, contou outra funcionária entrevistada pela Tribuna do Paraná.
Vândalos na área
Aline, a diretora do CMEI, contou que os profissionais dali sempre enfrentaram pequenos problemas por conta dos vândalos. Segundo ela, todos os dias é preciso refazer alguma coisa que foi destruída ou suja pelos invasores. O que assustou, é que apesar do estorvo diário, a escola nunca tinha sofrido tanto em tão pouco tempo.
A reportagem não foi autorizada a entrar no CMEI, mas o tempo nos arredores foi suficiente para se perceber que não só os funcionários da escola, mas também pais de alunos que estão preocupados. “A coisa tá piorando cada vez mais. Antes não era assim, mas agora a gente tem medo até de trazer e buscar as crianças. Estamos nas mãos dos bandidos mesmo, só por Deus”, desabafou Rose Matias, 46 anos.
A mulher, que é dona de casa e tem uma filha pequena de quatro anos, contou que até a Unidade de Saúde (US), que fica ao lado do CMEI, tem sido alvo dos bandidos. “A pessoa fica doente, vem se consultar e acaba sendo assaltada. Tá tão feio a coisa, que as próprias enfermeiras orientam os pacientes a não trazerem dinheiro e celular”.
Denúncia escrita
Os funcionários do CMEI permaneceram calados durante todo o tempo em que a Tribuna do Paraná esteve por lá, mas denunciaram o que sofrem por meio de uma carta. Segundo o bilhete, assinado por “funcionários do CMEI”, a situação fica ainda mais complicada porque não podem comentar sobre o assunto. “A cada dia chegamos em nosso trabalho com medo. Não podemos reclamar, por represália política”, denunciou.
Sem nenhum tipo de identificação, a carta fala que a prefeitura de Curitiba já foi comunicada e a situação continua a mesma. “Foram diversos roubos de carro, celulares, bolsas, bicicletas dos professores, que usam para trabalhar, e ainda agora os roubos no próprio CMEI”.
*Os funcionários entrevistados pediram para não serem identificados, por medo de represálias.
Prefeitura pede ajuda
A segurança dos CMEIs é feita por uma empresa privada e a Guarda Municipal (GM) dá apoio e fiscaliza o trabalho da empresa. Em nota, a prefeitura de Curitiba informou que a GM foi acionada por volta das 19h de terça-feira por causa do arrombamento. “A Guarda Municipal fez rondas e patrulhas com viaturas no local, mas não encontrou os suspeitos do furto”.
A prefeitura confirmou que um dia antes a mesma escola foi invadida e que os buracos abertos nos dois dias foram fechados. “O material furtado será reposto pela empresa contratada, que faz o monitoramento através de sensores”, promete a nota, que pede também a ajuda da população com denúncias caso percebam algo estranho. O contato pode ser feito diretamente com a empresa pelo fone (41) 3045-7940 ou com a Guarda Municipal, pelo 153.
Veja o que diz a Polícia Militar
“O 20.º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área do Cajuru destaca que o patrulhamento ostensivo e preventivo está sendo feito na região com o apoio dos módulos móveis, das equipes de motos e radiopatrulhas, inclusive com as viaturas novas. A Polícia Militar atualmente esta trabalhando com os meios humanos e materiais que possui e tenta atender todas as ocorrências priorizando as de risco à vida.
A Polícia Militar ressalta que necessita da colaboração dos cidadãos no repasse de informações pelo telefone 190 sobre características pessoais de suspeitos, placas de veículos, entre outros dados que possam auxiliar no readequamento do policiamento nos locais com maior necessidade”.