História bizarra

Idosa mantida em cárcere privado por 20 anos revê a irmã

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Documento de identidade de Iva. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Encontrada pela Polícia Civil em uma casa na qual era mantida em cárcere privado em Vinhedo, no interior de São Paulo, havia aproximadamente 20 anos, Iva da Silva Souza, de 63, finalmente reencontrou familiares, horas depois de ser libertada. Natural da cidade de Colorado, no Paraná, ela recebeu o abraço da irmã Odete da Silva Souza, com quem perdeu o contato há 47 anos, desde que deixou a casa dos pais com o intuito de arranjar trabalho em uma cidade maior. Na época, Iva tinha cerca de 17 anos.

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Odete viajou 200 km de Araraquara até Vinhedo para o reencontro, que ocorreu na Secretaria de Assistência Social, a portas fechadas. “Ela já veio de braços abertos pra me abraçar. Acabou. Agora a gente já sabe que ela está bem”, contou Odete, em entrevista ao jornal do EPTV. Outros familiares devem visitar Iva durante a semana.

Segundo relato de Odete, eles eram em dez filhos e Iva, a mais velha, trabalhava na lavoura com os pais. Ela quis sair de casa para ter salário e ajudar a família. Outra irmã teria chegado a conversar com a vítima após a viagem, mas achou que estava tudo bem. Na juventude, Iva trabalhou como doméstica, mas a cidade não era de conhecimento da família.

Os parentes registraram o desaparecimento na polícia do Paraná em 1996, depois de não ter mais notícias de Iva. Para a mãe, Maria da Silva, que reside na cidade de Jesuítas, no Oeste do Paraná, foi o fim de uma angústia. “Estou muito emocionada. Feliz só de saber notícias dela. A gente se preocupa, né? Deitava na cama para dormir e não conseguia”, afirmou à RPC TV.

Outro irmão da idosa, José Paz de Souza, que mora em Maringá, disse ao portal G1 Paraná, que a família seguia procurando por ela. “Procuramos sempre, não desistimos”. Ele tinha 13 anos quando a irmã saiu de casa.

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A Polícia Civil encontrou Odete usando as poucas informações dadas por Iva e após buscas na internet.

Conforme a assistente social Giorgia Bezerra, que atende Iva na casa de acolhimento para idosos da prefeitura de Vinhedo, ela viveu durante muitos em isolamento social, por isso houve a necessidade de encaminhamento ao serviço de atendimento do município. “As condições em que ela e a outra mulher, ainda mais idosa, se encontravam eram de muito risco”, disse. “Ela sequer sabia em que bairro ou em que cidade ela estava, mas parecia resignada com a situação. Tanto que os policiais civis demoraram para perceber que havia algo errado.”

Entenda o caso

Os agentes da Polícia Civil foram à casa onde a idosa estava em cárcere privado ao investigarem a emissão de cheques sem fundo no comércio local. Os cheques haviam sido emitidos em nome de Iva pelo casal Écio Pilli Júnior, de 47 anos, e Marina Okido, de 65. Eles haviam aberto uma conta bancária usando os documentos da mulher. No local, estavam apenas duas idosas: Iva e a mãe de Marina, de 88 anos, que é cadeirante. A situação causou desconfiança nos agentes, mas eles só se deram conta de possível crime quando Iva pediu ajuda.

O casal, que mora em outra residência, chegou logo depois e acabou detido. Os dois foram presos, suspeitos de estelionato. Écio não tem antecedentes criminais; Marina já tinha passagem por agressão na década de 1970.

Segundo a Polícia Civil, Iva trabalhou durante muitos anos como doméstica para os pais de Marina, mas quando o homem morreu, há cerca de 18 anos, com a esposa já idosa, Iva passou a ser tratada pela filha e genro deles em condições semelhantes à de escravidão. Ela teria sido agredida e impedida de sair, sendo obrigada a trabalhar em troca de comida.

A idosa de 88 anos, muito debilitada, foi encaminhada à Santa Casa de Vinhedo.

A reportagem não localizou a defesa do casal.

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