A passagem de shows importantes por Curitiba acende o sinal de alerta para golpes envolvendo compra e venda de ingressos. A apresentação da dupla Sandy & Junior na capital, no próximo sábado (31), é exemplo disso. Embora a Delegacia de Estelionato ainda não tenha queixas formais, pelo menos dez pessoas em um grupo fechado no Facebook relataram quase ter sido alvo de golpistas que tentaram lucrar com a venda de tíquetes falsos para o show do fim de semana. Os ingressos na bilheteria oficial do evento estão esgotados.
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A farmacêutica Renata Silveira Huszcz, 32 anos, está entre o grupo. Moradora de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana, ela chegou perto de ver o sonho de estar cara a cara com os ídolos se transformar em uma grande dor de cabeça. Depois de postar uma mensagem à procura de entradas, Renata foi abordada virtualmente por um golpista que usava foto e nome simulados nas redes sociais para vender bilhetes falsos. “Em nenhum momento em que conversava com ele me senti em paz com a situação. Não achava mais nada referente à pessoa na rede social, mandei convite e ela não aceitou. Então, fui ligando os pontos”, conta.
Para o perfil falso, o golpista adotou identidade de mulher e informou ser estudante de Medicina de uma importante instituição de Curitiba. E, segundo a farmacêutica, desde o primeiro contato o estelionatário não a deixou mais em paz, insistindo na venda do bilhete sem apresentar documentos e resistindo em mandar a foto do ingresso físico. “Uma das coisas que eu mais achei estranha foi que ela estava vendendo o ingresso por R$ 450 e quando eu pedi para baixar por R$ 300 ela aceitou na hora”, relembra.
Como Renata, mais pessoas estavam sendo ludibriadas ao mesmo tempo, e o caso não demorou em vir à tona. No mesmo grupo, outra “quase vítima” expôs que o estelionatário oferecia ingressos que não existiam para todos os shows da dupla. “Eu já tinha certeza de que se tratava de um golpe. Antes disso, falei com meu namorado, que é advogado, e ele me avisou para não fazer nenhum depósito sem que ela me mandasse alguma coisa concreta. E ela não queria me mandar nada, nem os próprios dados bancários”, conta. “Mas eu avisei que eu levaria a história adiante”.
Como evitar golpes
A farmacêutica não descarta registrar Boletim de Ocorrência (BO) – medida que a própria Polícia Civil orienta em casos como esses. Em Belo Horizonte, por exemplo, foi um BO coletivo que levou a uma investigação contra uma estelionatária suspeita de vender o mesmo ingresso para 30 pessoas diferentes.
“A primeira coisa se cair ou perceber um golpe é se deslocar para qualquer delegacia e fazer BO. O tipo de crime, possivelmente, vai ser estelionato, então não tem como fazer na delegacia eletrônica”, afirma o delegado-titular da Delegacia de Estelionato de Curitiba, Emmanoel David.
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Mas essa não é a única precaução. De acordo com o delegado, a medida mais segura é comprar os ingressos direto da empresa autorizada e, caso não seja possível – por causa do esgotamento rápido -, vale exigir o máximo de informações possíveis do vendedor e tentar, sempre que possível, exigir uma negociação pessoal no lugar de só ficar no bate-papo virtual.
“É claro que acontece a venda individual, de a pessoa comprar e não ter mais interesse em participar. É interessante os fãs se juntarem para trocar informações sobre o vendedor. Todos ficarem de olho”, acrescenta David.
Em casos de golpes consumados, a polícia deve ser acionada, até mesmo para impedir que a fraude continue a se replicar. Para ajudar na investigação, a polícia salienta que quanto mais informação melhor: vale comprovante de pagamento da transação bancária e até mesmo o print das telas de conversa e de compra.