O registro de crimes nas praças de Curitiba aumentou 279% nos primeiros quatro meses de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e abril, foram 205 casos que chegaram ao conhecimento pela prefeitura por meio de denúncias no telefone 153 da Guarda Municipal ou por meio do patrulhamento direto da corporação. A soma nos mesmos meses do ano passado foi de 54.
Das dez praças de Curitiba com mais registros, quatro ficam no Centro, duas nas Mercês, duas no Água Verde uma entre o Batel e o Bigorrilho, e uma no Boqueirão. Os dados são da Secretaria Municipal de Defesa Social.
Nas primeiras posições do levantamento, as praças General Osório, Carlos Gomes e da Espanha concentram praticamente dois terços do total de ocorrências atendidas nas dez praças mais perigosas da capital nessa período. A General Osório, no início da Rua XV, detém 27% das 205 situações de crimes apurados. Carlos Gomes, também no Centro, e Praça da Espanha, no Bigorrilho, somam, cada uma delas, 20% das ocorrências registradas no período.
Na Praça da Espanha, que fica em um bairro nobre da cidade, o Ministério Público gerou polêmica ao propor que o espaço fosse cercado para tentar reduzir os índices de criminalidade por lá. Mas, ao menos de início, a medida não será necessária. Após o MP notificar a prefeitura com uma ação civil pública na Justiça para que reforce a segurança no local, o próprio governador Beto Richa (PSDB) determinouque um módulo móvel da Polícia Militar (PM) fique por tempo indeterminado no espaço.
A Secretaria Municipal de Defesa Social justifica o aumento exponencial das situações como um reflexo da segurança reforçada no entorno desses espaços. “O aumento das ocorrências se dá em razão da maior presença da Guarda [Municipal]”, afirmou o secretário da pasta, Algacir Mikalovski. “A Guarda Municipal aumentou significativamente o efetivo. Com isso, ocorreram mais acionamentos”, disse.
A prefeitura defende que tem feito ações mais constantes nas praças de Curitiba, principalmente nas da região central. A área foi apontada pelo Mapa do Crime como a mais vulnerável da cidade e, por isso, foi abraçada pela primeira etapa da Operação Saturno, lançada na semana passada e que pretende criar anéis de proteção e fiscalização urbana para evitar a criação de nichos estratégicos de crimes.
Em entrevista, o prefeito, Rafael Greca (PMN), disse que a implantação da operação no Centro é uma tentativa de evitar a formação de uma cracolândia em Curitiba. O consumo de drogas ilícitas, aliás, é o tipo de crime mais cometido nas praças do município. O balanço da secretaria mostra que esse tipo de situação corresponde a 40% das ocorrências atendidas nesses espaços nos quatro primeiros meses do ano. Roubo e perturbação do sossego assumem a 2.º e a 3.º posições.
“É um cenário ideal? Ainda não”, reconheceu Mikalovski sobre a criminalidade em parques e praças da cidade. O secretário ressaltou, no entanto, que a pretensão da Guarda Municipal é zerar as ocorrências em locais mais frequentados pela população. “Nós estamos trabalhando de janeiro para cá de forma diferente. Levantando, identificando os locais e agindo”, afirmou.
Praças do Centro
Sobre as praças da região central, a PM disse que o 12.º Batalhão faz o policiamento constante na região e que esse trabalho resultou em diversas prisões. Módulos móveis e conversas com moradores e comerciantes também fazem parte das ações adotadas pela corporação para combater a criminalidade. A PM ressaltou ainda que denúncias devem ser feitas por meio dos telefones 190 e 181. Confira a nota da PM na íntegra:
“O 12º Batalhão de Polícia Militar, que atende a região central da Capital, esclarece que o policiamento que cabe à Polícia Militar está sendo feito diariamente e diuturnamente nas áreas ao redor das praças, no atendimento às mais distintas ocorrências como furtos, roubos, perturbação do sossego, entre outras, priorizando sempre as de perigo à vida. Este trabalho tem resultado em diversas prisões de pessoas e apreensões de adolescentes e materiais ilícitos.
Em toda a área central tem sido aplicado policiamento também com motocicletas, o que permite melhor acesso dos policiais em alguns locais. As Praças em si também são atendidas pela PM, quando acionada via 190 ou quando a equipe policial presencia alguma situação. Em muitas delas é feito um trabalho conjunto da Polícia Militar com a Guarda Municipal.
Há pouco tempo o 12º BPM também iniciou um trabalho de policiamento comunitário nestas áreas, com a presença de módulos móveis e policiais que conversam com moradores e comerciantes.
No entanto, para que o trabalho seja ainda mais eficiente é necessário que a comunidade ao redor, ou que passa por esses locais, denuncie as situações presenciadas, o que pode ser feito anonimamente pelo 181 ou pelo telefone 190.”
Ranking das praças mais perigosas
Em porcentagem do total de casos atendidos
Praça | Bairro | Porcentagem |
1º Praça General Osório | Centro | 27% |
2º Praça Carlos Gomes | Centro | 20% |
3º Praça da Espanha | Bigorrilho | 20% |
4º Praça Eufrásio Correia | Centro | 16% |
5º Praça do Japão | Água Verde | 7% |
6º Praça 19 de Dezembro | Centro | 4% |
7º Praça 29 de Março | Mercês | 2% |
8º Praça Afonso Botelho (Arena da Baixada) | Água Verde | 2% |
9º Praça da Ucrânia | Mercês | 1% |
10º Praça dos Menonitas | Boqueirão | 1% |
Tipos de ocorrências
Ocorrência | Porcentagem |
1º Substância ilícita | 40% |
2º Roubo | 17% |
3º Perturbação do sossego | 14% |
4º Atitude suspeita | 7% |
5º Ameaça | 6% |
6º Dano | 6% |
7º Agressão física/verbal | 6% |
8º Desinteligência* | 4% |
* Conflito social não relevante para a Segurança Pública
Outras praças
Vale ressaltar que, obviamente, há outras localidades da capital em que ocorreram crimes no referido período, porém, não fazem parte do “top 10” do levantamento da Secretaria Municipal de Defesa Social.
Além disso, há casos de crimes que não foram denunciados pelo 153 ou diretamente aos guardas e por isso também não integram esse balanço.