Três homens foram presos, suspeitos do assassinato do fiscal de combustíveis Fabrízzio Machado da Silva, executado a tiros no dia 23 de março em frente a sua casa, no Capão da Imbuia. O empresário Onildo Chaves de Córdova II, 36 anos, é dono de quatro postos de combustíveis na grande Curitiba e seria o mandante do homicídio. Patrick Jurczyszin Leandro, o “Diabo Loiro”, 23, seria o autor dos disparos. Ronei Dulciano Rodrigues, 25, teria auxiliado Patrick na execução. Os três foram apresentados na manhã deste domingo (30), na sede da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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Onildo, explicou o delegado Cássio Reis, está sendo investigado pela Delegacia de Crimes contra o Consumidor (Delcon), por conta da operação Pane Seca, que está apurando fraudes em postos de combustíveis. A investigação começou porque Fabrízzio, que é presidente da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC), constatou as fraudes e fez uma denúncia à Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público do Paraná, que por sua vez, incumbiu o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep) e a Delcon de investigar os fatos denunciados.
Segundo o que já havia sido divulgado anteriormente pela polícia, os donos de postos de combustíveis estavam tanto adulterando combustíveis (colocando quantidade maior de água e álcool na gasolina, do que o permitido por lei), quanto adulterando as placas eletrônicas das bombas de combustíveis. Assim, através de um controle remoto, acionavam um dispositivo que interrompia a vazão de combustível no bico, enquanto o cliente estava abastecendo. No entanto, a contagem continuava normalmente na bomba. Assim, o cliente levava menos combustível do que pagou.
Adulteração
Onildo é proprietário de quatro postos de combustíveis na grande Curitiba: o Colina, em Colombo; JPS, no Pinheirinho; Midas, no Uberaba; e Rubi, em Colombo. Três deles estavam sendo investigados na Pane Seca. No entanto, Onildo negou à imprensa, na manhã deste domingo, que tenha feito qualquer adulteração em combustíveis ou bombas. Ressaltou que os laudos do Inmetro já estão prontos e ele faz questão que venham à tona, para provar que ele não adulterou nada. “Ter posto de combustível hoje em Curitiba dá prejuízo. Não dá lucro. Não bastasse isso, estou aí com os meus postos fechados por causa da operação”, disse o preso.
Homicídio
Ele também negou qualquer envolvimento no assassinato de Fabrízzio. No entanto, o delegado Cássio Reis diz que tem provas técnicas, que comprovam a participação dos três presos no assassinato. O pagamento que Onildo fez para Patrick executar o crime, inclusive, teria ocorrido dentro de um dos postos de propriedade do suspeito. Segundo a polícia, o empresário pagou inicialmente R$ 5 mil ao executor, que usou a quantia para comprar o veículo e a arma usados no dia do assassinato (um Sandero, roubado em Fazenda Rio Grande – onde Patrick mora – e encontrado queimado depois no Caximba). Depois do crime consumado, diz o delegado, Onildo pagou mais R$ 16 mil ao executor.
Reis ainda disse que o apelido de Onildo é “Pablo Escobar”, por ser articulado, perigoso e cruel. O delegado ainda ressaltou que o motivo do homicídio é por causa da atividade profissional da vítima, de fiscalizar fraudes nos postos de combustíveis. Mas que não há como afirmar, com toda certeza, que o assassinato do fiscal tenha ocorrido por causa das investigações da operação Pane Seca.
Assista a entrevista com o delegado Cássio Conceição:
Prisões temporárias
Depois de mais de 30 dias de investigações, a polícia conseguiu com a Justiça as prisões temporárias (30 dias) dos suspeitos que, segundo o delegado Fábio Amaro, delegado chefe da DHPP, certamente serão transformadas em prisões preventivas.
O primeiro a ser preso foi Patrick, na noite da última quinta-feira (27). Ele circulava de carro pelo Tatuquara e foi abordado pelos policiais. Tentou fugir, errou as manobras e se machucou bastante ao bater num ônibus. Foi socorrido pelo Siate e levado ao hospital. Poucas horas depois, estava preso na DHPP, com a cabeça enfaixada.
Na manhã seguinte a polícia prendeu Ronei, por volta das 9h, na Ceasa, onde ele trabalha. O delegado Cássio não especificou exatamente qual foi a participação do rapaz no homicídio, mas as provas técnicas comprovam que ele esteve com Patrick no local do crime.
Já Onildo foi preso na noite de sexta-feira num flat no bairro Batel, em Curitiba. Ele já havia sido preso dois dias depois do assassinato de Fabrízzio, nas investigações da operação Pane Seca. Ele ficou cinco dias na cadeia e foi solto. Mas, até então, não havia indícios da participação dele no homicídio do fiscal.
O Diep e a Delcon já estavam há meses investigando as fraudes dos combustíveis. Mas com a morte de Fabrízzio, decidiram apurar as prisões dos suspeitos pelas fraudes, justamente pela desconfiança de que algum deles poderia estar envolvido no assassinato.
Onildo, Patrick e Ronei devem responder pelo crime de homicídio qualificado mediante emboscada e sem possibilidade de defesa da vítima. Em caso de condenação, a pena pode variar de 15 a 30 anos de prisão para cada um.
Dia 11 de março – 12 dias antes do homicídio – Patrick e Ronei foram presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. No entanto, não ficaram presos. Pagaram fiança e foram colocados em liberdade.
Tocaia na porta de casa
Fabrízzio chegava em casa, pouco depois das 22h do dia 23 de março, e quando embicava o carro na garagem, um Sandero veio e bateu na sua traseira. Segundo a polícia, o motorista do Sandero era Patrick, que causou o acidente propositalmente para fazer o fiscal descer de seu carro, um Civic preto.
Quando Fabrízzio foi ver o que tinha acontecido, foi baleado por Patrick. Câmeras de segurança de uma casa vizinha filmaram tudo. Segundo o delegado Cássio Reis, o mandante do crime, Onildo, é quem passou todas as informações do fiscal a Patrick, como o local onde Fabrízzio morava, qual carro usava, uma foto da vítima, entre outros dados. Um carro vermelho foi visto parado na rua, por duas horas antes do crime acontecer.
Denuncie, é importante!
O delegado Fábio Amaro, chefe da DHPP, explicou que, no início, a única pista que tinham para começar a investigar eram as imagens da câmera de segurança. Mas, o que ajudou muito nas investigações foram as denúncias que foram chegando através do 0800 da DHPP, que não só deram a localização de Patrick, como também uma possível prova do envolvimento dele no crime. O Sandero que o atirador usou no homicídio foi encontrado queimado logo na manhã seguinte, no Caximba. Um dos telefonemas recebidos pela DHPP diziam que Patrick estava com marcas de queimaduras no corpo, bem provavelmente causadas quando ele tentava incendiar o Sandero.
Outro telefonema também informou que ele foi visto circulando pelo bairro Pioneiros, onde mora, em Fazenda Rio Grande, com o Sandero, horas antes do crime.
O Disk Denúncias da DHPP é o 0800 6431 121. A ligação é gratuita e as denúncias podem ser anônimas.