O Exército Brasileiro (EB) desencadeou nesta semana a operação especial Rastilho III, para fiscalizar os produtos, diminuir a quantidade de furtos e desvios de explosivos e o modo como predreiras fazem as detonações de rochas. Empresas responsáveis pela fabricação, armazenamento e manutenção desses materiais estão sendo vistoriadas em cidades do Paraná e de Santa Catarina.
Nesta terça-feira (28), no primeiro dia de ação, houve apreensões, no entanto o balanço total ainda não foi divulgado. Na região de Castro, nos Campos Gerais, mais de duas mil toneladas de explosivos foram recolhidas. O material estava com problemas no controle e também não tinha nota fiscal.
A reportagem da Tribuna acompanhou, nesta quarta-feira (29), duas fiscalizações: em uma fábrica de explosivos e depois em uma pedreira, ambas em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Nos dois endereços, não foram encontradas irregularidades. Isso acontece, conforme os próprios militares, porque as empresas estão cientes de que fiscalizações são rotina e, por isso, precisam estar sempre adequadas à legislação.
“Nós podemos bater à porta da empresa a qualquer hora, mas essa operação é feita para que a sociedade saiba que os produtos controlados estão sendo monitorados pelo Exército, desde a fabricação até a utilização”, explicou o major Vandré Rolim Machado, subcomandante do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC).
Explosão
Na pedreira visitada na quarta-feira pelo Exército, os militares foram detalhistas. Desde a entrada da empresa até o momento da detonação de pouco mais de quatro toneladas de explosivos em uma das lavras. “Monitoramos as informações passadas anteriormente e confrontamos com o que verificamos no local, na intenção de encontrarmos possíveis furos nas informações”.
O major explicou que toda vez que a empresa faz as detonações, o Exército precisa ser avisado. “Sempre com 72 horas de antecedência. Podemos visitar a empresa a qualquer hora”. No caso das fábricas, elas possuem um certificado de registro que autoriza a produzir uma quantidade especifica por mês e este limite não pode ser ultrapassado. Em todas as inspeções são verificadas as notas de venda e também as de compra, para confirmar se não existe alguma tentativa de driblar o sistema.
“Os funcionários seguem padrões importantes de segurança. Existe todo um controle na preparação dos explosivos e os trabalhadores têm um tempo certo para agir e sair do local assim que os dispositivos são acionados”, explicou Vandré.
Evitando o desvio
Os militares estão preocupados com o aumento nos ataques aos caixas eletrônicos. “Este é um dos motivos para que a operação, que é feita a nível nacional, acontecesse neste momento. Fiscalizando, temos como evitar o desvio”, comenta o major.
De acordo com Vandré, além das polícias Civil e Militar, que acompanham as ocorrências que envolvem os caixas eletrônicos, o Exército identificou que algo estranho tem acontecido. “Percebemos um aumento das ações em caixas eletrônicos e estamos preocupados. É justamente por isso temos empregado todos os nossos meios para evitar que estes explosivos caiam em mãos erradas”, considerou o militar.
Denunciar é importante
A operação tem o objetivo de evitar o desvio, mas segundo o major, isso só vai acontecer se a fiscalização continuar sendo rotina. “Por isso que toda atividade com explosivo deve estar controlada. Além das empresas, que têm a obrigação de nos avisar das detonações, a população também pode fazer isso. Porque, sabendo que vai haver uma explosão, o Exército vai fiscalizar”.
O contato do Exército Brasileiro para denúncias é o e-mail: ouvidorsfpc@5rm.eb.mil.br. A pessoa também pode ligar no quartel mais próximo de sua casa e pede para falar com a SFPC. Em Curitiba, o telefone é o (41) 3316-4800.
Na última operação, feita no ano passado, cerca de 100 empresas foram fiscalizadas e 12 toneladas de explosivos foram apreendidas, juntamente com 11.986 espoletas e 25.747 metros de cordel detonante. As fiscalizações resultaram em seis empresas autuadas por irregularidades no trato com Produtos Controlados pelo Exército (PCE).
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Veja a reportagem completa sobre a operação Rastilho III: