A família de Heverton Silva Assem, de 22 anos, em agosto, procurou a Tribuna do Paraná para pedir ajuda, pois não tinha nenhuma informação sobre ele. O rapaz, que veio do Rio de Janeiro para Curitiba, participava do treinamento de uma rede de restaurantes. Segundo a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Heverton foi morto de uma forma brutal e três pessoas foram identificadas como suspeitas do crime.
Dos três identificados, um deles morreu em confronto com policiais militares. Os outros dois, Julia Beatriz Silva, 22, e Keven Luis Marques, 26, foram presos. Embora neguem o crime, a DHPP conseguiu um vídeo que mostra parte da ação brutal que foi cometida. “E não nos restam duvidas sobre a autoria”, explicou o delegado Jaime da Luz.
A polícia chegou até a dupla depois de um trabalho intenso de investigação, que começou logo depois do registro do desaparecimento, na Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP). Com a ajuda da polícia de São Paulo, a DHPP soube de um carro – roubado em Curitiba – que foi abandonado após um acidente em Itu. “Dentro desse carro estava um cartão de memória e uma carteira de trabalho em nome de Julia. A partir daí as investigações se desdobraram e chegamos até os envolvidos”, contou o delegado.
Vídeo chocante
Durante a análise do material armazenado no cartão, a polícia encontrou alguns arquivos, entre eles dois áudios, em que pessoas que se denominavam membros de uma facção criminosa, interrogavam e torturavam uma pessoa que relatou trabalhar em uma rede de hamburgueria. Nos arquivos, a polícia também encontrou um vídeo que mostra os suspeitos decapitando a vítima.
“Essas imagens são chocantes. O vídeo mostra dois homens, com camisetas amarradas na cabeça, e cortam por completo a cabeça do rapaz. Depois, eles ainda cortam o corpo da vítima e retiram o coração. Completo sangue frio”, definiu o delegado. Através das imagens, os policiais, antes de qualquer coisa, tiveram a certeza de que a vítima era Heverton e depois começaram a busca por identificar os autores do crime.
O crime e o motivo
Heverton estava em Curitiba há 15 dias e passaria dois meses para um treinamento que o permitiria, depois, trabalhar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hospedado no Centro de Treinamento (CT) da rede de restaurantes, o rapaz foi visto pela última vez no Largo da Ordem com alguns colegas de empresa. Depois, sumiu.
De acordo com a polícia, o rapaz bebeu com um colega e depois resolveu comprar drogas nas proximidades da Praça Tiradentes. “O jovem, por ser uma pessoa comunicativa, começou a conversar com os traficantes que haviam lhe vendido cocaína. Durante a conversa, ele afirmou ser integrante de uma facção criminosa do Rio de Janeiro. O que ele não sabia, é que os suspeitos também se denominavam integrantes de outra facção, mas rival”, contou o delegado.
A polícia ainda não sabe exatamente quando e onde Heverton foi morto, pois o corpo ainda não foi encontrado. Conforme o delegado, este é o próximo passo das investigações, que buscam pelo menos descobrir o que aconteceu com o corpo.
Sem dúvidas
Aos policiais, Keven negou o crime, mas Julia entrou em contradição. “Ela disse que poderia ser dela a voz do áudio encontrado pelos policiais. Chegou a rir do áudio. Ela também contou que o crime teve mais uma pessoa envolvida”. Essa terceira pessoa, segundo a DHPP, era um jovem, conhecido como “Alissinho”, de 23 anos, que morreu num confronto com policiais militares após reagir a uma tentativa de abordagem, no dia 18 de outubro.
O delegado Jaime da Luz explicou ainda que, apesar das negativas dos suspeitos em admitir o envolvimento na morte, os investigadores não têm dúvidas. A DHPP procura, ainda, uma quarta pessoa que participou da ação, mas ainda não foi identificada. Julia e Keven, que já estavam presos por tráfico de drogas, vão responder agora por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.