Confusão

Dono de bar nega perturbação de sossego e acaba preso em Curitiba

Foto: Colaboração
Foto: Colaboração

O dono de um bar no início da Avenida Manoel Ribas, no bairro São Francisco, em Curitiba, foi algemado e levado do estabelecimento por policiais militares na noite desta quarta-feira (3). Uma cliente também foi detida, segundo a Polícia Militar (PM), por desacato.

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O dono do bar foi detido porque teria se recusado a assinar um boletim de registro por importunação de sosssego – vizinhos reclamaram do barulho gerado pela música no estabelecimento. Pelo menos seis viaturas foram acionadas para a atender a ocorrência. No entanto, em nota, o estabelecimento explica que não foi o responsável por contratar os músicos, que já teriam ido embora quando as viaturas chegaram, por isso o proprietário não quis assinar o documento.

O caso foi por volta das 20h30 e gerou repercussão pela quantidade de viaturas acionadas e por ser a segunda incursão consecutiva da PM em bares da região. Na semana passada, um efetivo abordou um grupo de pessoas que estava em um estabelecimento no Largo da Ordem. Os abordados denunciaram truculência e entidades repudiaram a ação, classificada como desproporcional.

É a mesma percepção de clientes em relação à abordagem de quarta-feira no bar da Manoel Ribas. “Tomei as dores de uma pessoa que desconheço e que estava sendo coagida a assinar um documento quase que na porrada. Foi tudo desproporcional “, conta o empresário Mauro Gaziri, cuja esposa foi detida pela PM por desacato.

Segundo o empresário, dois policiais chegaram ao bar por volta das 20h30 depois de queixas de vizinhos por causa do som alto – no local, havia uma apresentação com violão e gaita. A confusão teria começado quando o proprietário se recusou a assinar a notificação apresentada pela PM.

“Então, chegou uma segunda viatura. Eu já achei um absurdo, mas ainda pensei que era o tipo de caso que a gente não tem que se meter, que deixe que resolvam eles mesmos. Mas depois disso vieram outras viaturas. Aí eu fui conversar com o dono do bar. Ninguém pode obrigar uma pessoa a assinar um documento”, relata Gaziri.

Ainda conforme o empresário, diante da negativa em assinar o papel, o dono do bar começou a ser encurralado atrás do balcão. Foi este o momento em que, segundo ele, os policiais o algemaram e o levaram para fora do estabelecimento – o que foi registrado em vídeo por alguns clientes.

Em uma das gravações aparecem dois policiais algemando o dono do bar e seguindo com ele para o lado de fora do estabelecimento. Um dos PMs chega a mostrar para a câmera a identificação colada junto à farda. Outro vídeo mostra a mesma ação de um ângulo diferente, a partir do qual é possível ver vários clientes contestando a conduta dos policiais militares.

O proprietário do bar foi encaminhado a uma unidade da PM na Rua Saldanho Marinho, junto com a esposa de Gaziri, presa por desacato. “Eles alegaram que ela xingou eles de ‘merda’, mas ela se referia à situação, que situação de merda”, acrescentou Gaziri, que disse que a mulher também foi levada algemada para o posto da polícia. Tanto a cliente quanto o proprietário foram liberados logo em seguida.

Em nota, o comando da Polícia Militar disse que a equipe estava “preenchendo os documentos necessários para encerramento do boletim de registro, houve um princípio de tumulto e uma das frequentadoras ofendeu os policiais militares durante os procedimentos”. A nota complementa que a cliente foi encaminhada ao cartório do 12º Batalhão para lavratura do Termo Circunstanciado.

A nota, no entanto, não responde questionamento da reportagem do por que tantas viaturas foram enviadas para a mesma ocorrência.

O que diz o bar

Por meio de nota, o proprietário do bar informou que se recusou a assinar por não ter sido o contratante dos músicos, o que teria dito à polícia no momento da abordagem. Segundo o informe do estabelecimento, os músicos inclusive já não estariam tocando no momento em que a polícia chegou e tampouco foi apreendido algum equipamento de som.

O bar definiu, ainda, a abordagem policial como “desproporcional com os fatos”. “As seis viaturas da Polícia Militar deveriam estar efetuando prisões de bandidos, evitando crimes de homicídio, roubos, latrocínios, feminicídio, e não efetuando a prisão de um pequeno empresário que nenhuma relação teve com a suposta perturbação de sossego, a qual, aliás, sequer existiu”, disse a nota.

Veja a nota da PM na íntegra

As equipes policiais do 12º Batalhão receberam uma chamada pelo 190 para atender uma situação de perturbação de sossego em um bar na Avenida Manoel Ribas. No local, a equipe  designada para a ocorrência estava preenchendo os documentos necessários para encerramento do boletim de registro, houve um princípio de tumulto e uma das frequentadoras ofendeu os policiais militares durante os procedimentos. Ela acabou encaminhada por desacato ao cartório do 12º Batalhão para a lavratura do Termo Circunstanciado.

A atuação da Polícia Militar em casos de perturbação de sossego é uma constante e o foco das atividades é a prevenção e o bem comum. A Corporação conta com o trabalho da Patrulha do Sossego, que faz operações e abordagens nos locais onde há frequentes denúncias.

Mais de 60% dos chamados telefônicos ao serviço de emergência 190 são reclamações por perturbação do sossego ou trabalho alheio. Muitas vezes as ocorrências acabam se tornando complexas por  acontecerem em locais com grande número de pessoas, envolvendo também a ingestão de bebidas alcoólicas, o que acaba por deixar, muitas vezes, os ânimos alterados.

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