A Polícia Civil descobriu que o crime que chocou moradores do bairro Bom Retiro, em Curitiba, no dia 21 de janeiro, aconteceu por conta de uma dívida. Elizandro Zampieri dos Santos, de 40 anos, foi preso e apresentado à imprensa nesta segunda-feira (4), suspeito de ser o mandante de dois rapazes que efetuaram os disparos contra José Juliano Costa, 35 anos, e Matheus Ryan Ferreira Costa, 15, pai e filho, que foram atingidos enquanto estavam dentro de um carro na Avenida Desembargador Hugo Simas, no final da manhã.
No dia do crime, o atirador fugiu num Chevette, que já o esperava. Para a polícia, Alexandre Dutra Lima, de 24 anos, e Igor Cristiano da Silva, de 22, agiram a mando de Elizandro. “A equipe de investigação foi muito além de investigar apenas o que se sabia no local do crime, buscou outras imagens, de outros horários e descobriu praticamente toda a dinâmica da ação”, detalhou a delegada Tathiana Guzella, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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Segundo as investigações, José Juliano seria agiota e emprestou uma quantia em dinheiro a Elizandro, que marcou um encontro para pagá-lo e teria armado todo o crime. “Momentos antes, Elizandro foi filmado entrando no carro onde estavam pai e filho. Ele sentou no banco de trás, então viu que o homem estava acompanhado do adolescente, e ainda assim deu sequência ao plano”, disse a delegada.
Além disso, a DHPP descobriu ainda que Elizandro também se encontrou com os dois atiradores, pouco tempo antes. “Ele tem um comércio que funciona como borracharia, autopeças, distribuidora de agua e gás no Pilarzinho. Eles se encontraram em frente ao seu comércio e conseguimos comprovar, através de outras imagens, que o trio se encontrou também outros dias”.
Depois do crime, Alexandre e Igor usaram um Chevette para escapar do local dos disparos, carro que foi abandonado na Rua Dom Alberto Gonçalves, nas Mercês, onde entraram em outro carro, conforme a delegada. “Eles usaram uma BMW que, inclusive, aparece em várias imagens que conseguimos. O que mais impressiona é a frieza toda do crime”.
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Mandante viu tudo
Além de descobrir detalhes sobre o motivo do assassinato, a DHPP também descobriu que Elizandro acompanhou toda a ação muito de perto. “Mais especificamente do outro lado da rua, numa agência bancária. Ele entrou no banco para sacar dinheiro que entregaria ao José, que lhe esperava dentro do carro”, explicou Tathiana Guzella.
Segundo a delegada, após o crime, Elizandro ainda teve frieza de ‘confirmar’ se os disparos tinham sido certeiros. “Ele saiu do banco e passou ao redor do carro da vítima, olhando. O carro dele estava à frente, ele olhou e seguiu. Se ele tivesse um sentimento bom, não fosse o mandante do crime, teria pelo menos preocupação com a pessoa que conhecia, mas não, simplesmente seguiu”.
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Preso e foragidos
Ao ser preso, Elizandro confirmou aos policiais que realmente devia a José, mas negou ser o mandante do crime. “Ele também confirmou que esteve com o José Juliano, o seu ‘credor na agiotagem’, antes dos disparos. Disse que pegou empréstimo, mas negou que tenha mandado matar o José. Apesar disso, coletamos muitas provas e também precisamos dizer que foi fundamental a participação da população, que nos ajudou muito com denúncias”.
Para a polícia, Elizandro mandou matar José e Alexandre e Igor foram os executores. “Alexandre foi o homem que atirou e Igor o que deu cobertura. O Alexandre inclusive foi filmado, estava de camiseta vermelha, executando todo o crime. Agora nós precisamos encontra-los para prendê-los”, destacou a delegada, pedindo mais uma vez a ajuda da população. “As denúncias nos ajudam demais e podem ser feitas de forma anônima”. O contato da DHPP é o 0800-643-1121.
O trio, conforme a DHPP, vai ser indiciado por homicídio triplamente qualificado. “O que chama mais a atenção neste crime é que o mandante sabia que o adolescente estava junto no carro. Essa é a grande questão, que qualifica de forma triplamente o duplo homicídio”, explicou a delegada, detalhando que cabe ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) a finalização do procedimento. “Em todo caso, vamos indiciá-los por um homicídio consumado pelo adolescente, uma tentativa de homicídio contra o pai e triplamente qualificado porque foi mediante cobrança, por motivo fútil e, por fim, impossibilidade de defesa”.
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Vítima complicada
Ainda conforme a polícia, o homem que era o real alvo do plano, José Juliano, já tinha antecedentes criminais. Ele também tinha um mandado de prisão em aberto desde 2013 por tráfico de drogas e uso de documentos falsos. José continua internado e, tão logo receba alta, deve ser ouvido pela DHPP. Caso a advogada que lhe representa não consiga reverter a situação com a Justiça, além de ser ouvido, também deve ser encaminhado ao Departamento Penitenciário (Depen) para que seja cumprido o mandado de prisão contra ele.
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