Foi preso, na tarde desta terça-feira (23), um homem de 41 anos, suspeito de receptar aparelhos celulares roubados. Na loja de Fernando de Sousa Menezes, localizada na Rua João Negrão, no Centro de Curitiba, os policiais encontraram pelo menos três celulares roubados. No entanto, o negócio principal do estabelecimento era o desbloqueio dos aparelhos roubados, com habilitação de seus Imeis (sigla em inglês para Identificação Internacional de Equipamento Móvel) de forma fraudulenta.
Conforme apurado pelas equipes da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), o suspeito cobrava R$ 1 mil por um celular vendido a R$ 3 mil em mercado ilícitos. Para fraudar o número de Imei, Fernando cobrava valores que variavam de R$ 80 a R$ 100. “Os valores que ele cobrava denotam a dúvida quanto à origem dos aparelhos. Em alguns dos contatos que ele manteve com clientes, ele alerta para a possibilidade de a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ‘derrubar’ o Imei e, por isso, não dava garantias”, explica o delegado Matheus Laiola.
Quando os aparelhos chegavam até a loja para desbloqueio, Fernando não perguntava a procedência dos celulares. Segundo o delegado, pelo menos 50 aparelhos foram passaram pela mão de Fernando, desde que ele abriu a loja na João Negrão há três meses. “Entre esses aparelhos, estavam três celulares com boletim de ocorrência de roubos. Por meio desses equipamentos identificados é que foi possível desmontar o esquema. Por isso, sempre orientamos para que a vítima faça o boletim e tenha sempre consigo o número do Imei dos equipamentos”, disse o delegado.
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O delegado ainda explica que, quando alguém tiver seu celular furtado ou roubado, pode solicitar o bloqueio por meio dos serviços de atendimento das próprias operadoras. “O bloqueio é feito pelo número do Imei. Ou seja, as estações rádio base (ERBs)são programadas para não reconhecer o Imei com restrição. Então o suspeito realizava uma espécie de troca desse número para que os aparelhos pudessem ser reconhecidos pelas antenas e utilizados normalmente”.
Fernando Sousa de Menezes não tinha passagens pela polícia e, agora, vai responder pelos crimes de receptação qualificada. A polícia ainda investiga a origem do software utilizado pelo suspeito. De acordo com a polícia, trata-se de um sistema complexo, que provavelmente vem sendo utilizado há mais tempo do que os três meses que Fernando abriu a loja. De qualquer forma, Laiola orienta que os consumidores fiquem atentos na hora de adquirir um telefone celular por meio de aplicativos e sites de compra e venda. “Os furtos e roubos só acontecem porque há um mercado ilegal fomentado por quem vê vantagens em adquirir aparelhos de forma ilícita”, alerta.
Depoimentos das vítimas
Após a prisão de Fernando, duas vítimas que tinham feito boletim de ocorrência referente aos roubos foram chamadas à delegacia para apresentar mais informações sobre os crimes. Uma delas, que preferiu não ter o nome divulgado, contou que foi roubada na última segunda-feira (22), no bairro Cabral, e que não tinha esperança de recuperar o aparelho.
Ela ainda lembrou que, ao registrar a ocorrência, foi orientada pelos policiais a informar o número do Imei do celular no boletim, após consulta na caixa do aparelho. Já a outra vítima, já estava sabendo da importância de informar o Imei no boletim de ocorrência e para que o aparelho fosse bloqueado. Em ambos os casos, as vítimas foram abordadas com arma de fogo.
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