Já era!

Desarticulada quadrilha que usou artimanha para traficar mais de mil armas pelo Paraná

Fotos: Divulgação/Polícia.

Um esquema bem planejado de tráfico de armas, que era feito desde 2013, foi descoberto pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (RJ). Mais de 20 pessoas foram presas, pelo menos seis delas no Paraná, suspeitas de envolvimento na quadrilha, que levava daqui as pistolas para as terras cariocas dentro de TVs. A investigação, feita pela equipe da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), do RJ, descobriu que mais de mil armas foram traficadas ao longo dos anos de atuação da quadrilha.

Segundo a polícia, as investigações começaram a partir de algumas apreensões de pistolas dentro de televisores. “Tivemos uma grande apreensão no Rio de Janeiro e várias outras no Paraná. A partir daí, começamos a apurar os detalhes sobre como agia o grupo e conseguimos prender várias pessoas, mas era difícil encontrar os responsáveis pela quadrilha”, detalhou o delegado Fabrício Oliveira.

Ao longo das investigações, os policiais descobriram que as armas, colocadas dentro das TVs, eram trazidas de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, e tinham sempre como destino final o Rio de Janeiro. “A rota era praticamente a mesma sempre: saiam de Foz do Iguaçu e, para não serem descobertos, faziam trajetos diferentes, às vezes passando por Curitiba, São Paulo, mas sempre o destino era o Rio de Janeiro”.

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No rastro

Depois de uma grande apreensão em Resende, no RJ, a Desarme conseguiu chegar aos apontados como responsáveis pelo grupo. O chefe do bando foi identificado como Francinei Custódio Medeiros, conhecido como “Neizinho”, e era o responsável por organizar o esquema e financiar todo o aparato para que as pessoas conseguissem transportar as armas.

Nessa apreensão na cidade que fica a pouco menos de 200 quilômetros da capital do Rio de Janeiro, os policiais apreenderam também o que comprovou que o homem era o líder do grupo. “Encontramos diversas peças de armas de fogo, que foram analisadas e descobrimos que se tratavam de peças de 40 pistolas que já tinham sido apreendidas com uma peça faltando em cada uma delas. O laudo pericial comprovou que as peças eram das armas e nós tivemos a certeza de onde vinha o controle da quadrilha”, explicou o delegado.

Além do ‘cabeça’ do grupo, outras três pessoas, que seriam da confiança de “Neizinho” e que atuavam no contato com os líderes das facções criminosas e também na logística do tráfico das armas, também foram presas. A estimativa, conforme o delegado, é de que os transportadores, que são conhecidos como ‘mulas’ (assim como no caso do tráfico de drogas), tenham levado milhares de armas ao longo dos anos. “Nós temos a certeza de que foram mais de mil, porque a cada viagem eram algumas pessoas que participavam e sempre dentro de cada TV tinha de quatro a seis pistolas”.

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O trajeto das armas começava em Foz do Iguaçu, mas, no Paraná, a Polícia Civil prendeu envolvidos com a quadrilha em Santa Terezinha de Itaipu e também em Cascavel, ambas cidades que estariam sempre na rota que facilitava o transporte das armas. Além de muitas armas, foi apreendida grande quantidade de maconha, veículos de luxo e também outras peças de pistolas.

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“Conseguiram trazer uma quantidade incalculável de pistolas e faziam viagens todos os finais de semana. Graças ao trabalho longo de investigação, conseguimos desarticular essa quadrilha, que abastecia o tráfico e tinha uma logística continua”, disse o delegado.

Absolvidos

No Paraná, inclusive, ao longo das apurações dos investigadores, algumas pessoas acabaram absolvidas por estarem com armas dentro de TVs e caixas de som. Em um dos casos, por exemplo, em fevereiro de 2017, um rapaz foi abordado, em Foz do Iguaçu, levando duas caixas de som com 14 pistolas e um revólver. Ao ser ouvido judicialmente, ele disse não saber que as caixas tinham pistolas dentro e foi absolvido.

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Para o delegado, a extensa duração de tempo em que a quadrilha atua é a comprovação de que os lideres não acreditam que vão ser descobertos e não se preocupam com isso também. “É um tipo de crime que, como a resposta do Estado é pequena, por conta da lei, acaba sendo interessante para o criminoso. É lucrativo e eles ficam pouquíssimo tempo na prisão, infelizmente”.

Os presos devem responder pelos crimes de organização criminosa, comércio clandestino de armas de fogo, porte de arma de fogo de uso restrito, lavagem de dinheiro e crime de “embaraço a investigação de organização criminosa”. Além da Polícia Civil do Rio e do Ministério Público, a investigação também teve apoio da Polícia Rodoviária Federal e informações oriundas das polícias Federal e Civil do Paraná, através do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

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