Depois de um ano funcionando junto ao 1º Distrito Policial (DP), no Centro de Curitiba, a Central de Flagrantes vai mudar para o 8º DP, no Portão. A alteração da unidade da Polícia Civil, que concentra todos os encaminhamentos de presos em flagrante, é encarada pela instituição e pela população como algo positivo, porém, a ida da Central de Flagrantes para o Portão vai fazer com que o posto de atendimento do Instituto de Identificação, que faz os RGs, saia do bairro e passe a funcionar somente no Centro.

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A mudança de endereço da Central de Flagrantes é algo que já vinha sendo buscado pelo Departamento da Polícia Civil há algum tempo. Desde a criação da unidade policial, em setembro do ano passado, os policiais enfrentam condições adaptadas no 1º DP, com falta de estrutura adequada para trabalhar.

Além da questão das condições de trabalho, uma questão principal, a dos presos, fez com que a Central de Flagrantes fosse muitas vezes colocada à prova. A ideia sempre foi a de que a unidade policial recebesse os presos, facilitasse o trabalho das forças de segurança, e ficasse com estes detidos por um período de até 10 dias, mas isso nunca aconteceu de fato e a Central de Flagrantes passou a ficar sempre superlotada. Em alguns períodos mais críticos, quase 200 homens ocupavam o mesmo espaço destinado para apenas oito.

Com a mudança, o prédio do 8ºDP que, no passado, recebia também o extinto Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (CIAC), onde os flagrantes eram levados no período da noite e madrugada, agora vai dividir espaço com a Central de Flagrantes. “Uma mudança que vem para melhorar o trabalho de todo mundo. Primeiro que vamos tirar a concentração de presos de um espaço que não tem tanta segurança e que fica no Centro de Curitiba”, avaliou o delegado Fábio Machado, que comanda a Central.

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Para o delegado, a parte do prédio que vai ficar com a Central de Flagrantes vai receber adaptações. “Nós vamos modificar toda a estrutura, para que agora, definitivamente, tenhamos condições boas de trabalho e também de atendimento à população. Além disso, os próprios presos também vão estar num lugar mais seguro e com mais condições, mas continuamos com a ideia principal de que devem ficar apenas no máximo dez dias sob nossa tutela, depois sendo encaminhado ao Sistema Penitenciário”.

População favorável

A área em que fica o 8ºDP é mais comercial do que residencial. De qualquer forma, uma delegacia perto sempre divide opiniões e de um lado está quem se sente mais seguro com a presença da polícia e de outro os vizinhos que temem, pela presença de presos por perto. No caso de quem trabalha ou mora próximo ao DP, o medo era de que outro boato que se espalhou na vizinhança se confirmasse. “Disseram que a delegacia ia sair daqui e isso nós não queremos, porque a gente se sente seguro com os policiais por perto”, comentou uma cabeleireira, que tem 50 anos e que atua há sete anos no mesmo endereço.

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Segundo os comerciantes, a presença dos policiais civis inibe qualquer ação de bandidos e isso faz com que haja maior sensação de segurança. “Claro que assusta um pouco saber que a partir de alguns dias teremos presos por aqui, mas acredito que com isso nossa segurança vai aumentar também, pois a polícia vai atuar ainda mais firme na região”, avaliou um técnico de informática que também preferiu não se identificar.

Da mesma opinião dos outros dois trabalhadores compartilha um funcionária de uma loja de roupas. A moça, que trabalha há três anos no mesmo local, disse que não sente diferença nenhuma. “Antes já funcionava com presos, né? Então agora a nossa segurança vai ser ainda mais forte”, avaliou, também sem se identificar.

RGs somente no Centro

Como toda mudança, a população vai sair perdendo na facilidade para a emissão dos RGs. O Posto de Atendimento do Instituto de Identificação, que funciona junto ao 8ºDP, vai ser retirado dali. Um dos comerciantes entrevistados pela Tribuna do Paraná estava revoltado apenas com essa situação, pois disse que isso é uma retirada de um beneficio da população. “Fizeram propaganda em fevereiro e disseram que abririam postos de atendimento. O que estão fazendo é sacanagem com a população, porque ao invés de abrir, estão fechando”, desabafou o homem. Por outro lado, desde o mês de março, todas as Ruas da Cidadania possuem postos de atendimento para realização desse tipo de serviço.

A reportagem apurou que, só no 8ºDP, o posto de atendimento faz aproximadamente 20 mil carteiras de identidade por ano. “Além disso, fecharam a unidade do bairro Cajuru e também a do 11º DP, pois lá também passaram a receber presos. Mesmo passando para o Centro, o objetivo é descentralizar a coisa, não centralizar. Vai dificultar e muito para a população e não faz sentido algum, pois o posto poderia continuar no mesmo prédio, junto com a Central de Flagrantes e o 8ºDP, tem espaço, mas não querem facilitar pra ninguém”.

Confirmações

Ainda não há prazo oficial para que a Central de Flagrantes tenha o endereço alterado. À Tribuna do Paraná, a Polícia Civil informou que o Posto da Regional do Portão vai ser fechado no dia 26 de junho, pois o local vai ser usado pela Central. Em nota, a Polícia Civil ressalta que não haverá prejuízos à população da regional, pois os servidores que trabalhavam no local vão ser realocados para a unidade do Centro e o número de agendamentos também não sofrerá alterações.

Central do caos