A Justiça decidiu por manter Ana Maria de Jesus Goveia e Claudinei Gonçalves Monteiro presos preventivamente, ou seja, sem tempo para saírem da cadeia. O casal é apontado como autor da morte do menino Izaque Furlan, 6 anos, que estava desaparecido desde a manhã desta sexta-feira (25) e foi encontrado no começo da tarde, no bairro Jardim Bonfim, em Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Ana Maria e Claudinei foram presos ainda durante o começo das investigações na busca pelo garoto. Horas depois, ela confessou o crime contando inclusive detalhes de como tudo aconteceu. O marido, segundo a suspeita da polícia, teve participação no assassinato.
Na decisão da juíza Liana de Oliveira Lueders, ficou destacada a gravidade e a violência empregada pelos dois suspeitos. “Conclui-se que a liberdade dos autuados constituirá ameaça à ordem pública, vez que a prisão, além de prevenir a reprodução de fatos criminosos, também visa acautelar o meio social, dada a periculosidade demonstrada diante da vítima, que, conforme já mencionado, não possuía qualquer possibilidade de defesa e teve ceifada sua vida de forma precoce e cruel”.
Como aconteceu
A Tribuna do Paraná teve acesso ao documento policial que pedia a conversão da prisão em flagrante para a preventiva. Aos policiais, Ana Maria contou que, na noite de quinta-feira (24), teve uma desavença com a irmã de Izaque, por causa de uma assinatura de TV a cabo. Ela disse que isso lhe irritou e que tinha a intenção de matar a mãe do menino, mas o marido não concordou e disse que deveriam fazer alguma coisa contra os filhos dela.
Por volta das 7h de sexta-feira, Ana Maria foi até a casa da vizinha, as duas teriam discutido novamente por causa da TV por assinatura e ela voltou para casa. Pouco tempo depois, Ana voltou à casa do menino, dizendo que lavaria roupas, mas era uma desculpa para atrair Izaque.
Ela contou aos policiais que pediu para que o menino buscasse uma pipa na casa dela e, quando a criança chegou, o atacou com um tijolo na cabeça, jogando um tapete por cima do corpo da criança. Fria, a mulher contou que chegou a ouvir choro de Izaque nos primeiros dois golpes com o tijolo envolto em uma meia.
Confusão em casa
Até então, Ana Maria disse que estava sozinha, pois o marido dormia. Ao ser interrogada pela segunda vez, ela disse que depois que Claudinei acordou, ele ficou nervoso e transtornado, dizendo que um dos dois teria que assumir os fatos.
A mulher disse ainda que o marido sugeriu que pegasse um cabo da enceradeira e enrolasse no pescoço do Izaque, aplicando um nó, o que foi feito. Enquanto isso, a mãe do garoto já procurava por ele e Ana Maria chegou a ir até a casa da vizinha para ver o que estava acontecendo.
Ao voltar para a própria casa, Ana Maria disse que percebeu que o nó feito no pescoço de Izaque estava diferente, parecendo com o nó carioca que Claudinei sabe fazer. “Após, disse que colocou o corpo da criança em uma bolsa e guardou dentro de um fogão, local em que foi encontrado pela polícia”, conclui o documento policial.
Vingança
Para a polícia, o crime foi cometido por vingança. “Valeram-se de sua inocência, a seduziram com a oferta de uma pipa, a qual chegando à residência dos conduzidos foi surpreendida, sem qualquer possibilidade de defesa ou reação, com tijoladas, tendo ainda seu pescoço amarrado até a morte, de forma covarde e cruel, e ainda a colocaram numa bolsa dentro um fogão de cozinha”, considerou o delegado no documento enviado à Justiça.
Com base nisso e também em todas as provas obtidas pela Polícia Civil, a juíza decidiu que o casal deve continuar preso. “Ressalte-se que a cidade de Almirante Tamandaré e toda a região ficou significativamente abalada, porquanto os fatos tiveram grande repercussão na imprensa dada a brutalidade do crime”, ponderou a juíza Liana de Oliveira Lueders.
A casa em que Ana Maria e Claudinei moravam foi destruída na noite de sexta-feira, por moradores que se revoltaram com o que os dois fizeram. A Polícia Civil ainda tem dez dias para a conclusão do inquérito, mas agora já não há mais prazo para que o casal seja solto. Eles foram transferidos, para evitar que a população invadisse a delegacia da cidade e fizesse justiça com as próprias mãos.