O alerta sobre o que pode acontecer com quem participa do jogo Baleia Azul colocou em discussão a vulnerabilidade dos adolescentes e adultos que se expõe na internet. Para os hackers, invadir um computador é muito simples e conseguir qualquer informação sobre as pessoas se torna ainda mais fácil, segundo a advogada especialista em direito digital, Patrícia Peck.
Com a suposta segurança pregada pela internet, a advogada percebe que pais e mães duvidam que o adolescente esteja vulnerável a algum perigo, não ficam preocupados. “Pensam que, por mais que tenha alguma ameaça, nada vai acontecer, pois há um computador entre os dois lados, mas é nisso que a gente tem que cuidar. Tudo se confunde, mas no fim das contas é a mesma coisa que na vida real”, explica.
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Segundo a advogada, os casos de adolescentes de Curitiba que tentaram suicídio e com automutilações, que estariam ligados ao jogo Baleia Azul, são alertas e servem para que as famílias se preocupem. “Não dá pra pensar que isso seja uma lenda urbana digital, porque isso traz à tona algo que parece inofensivo no começo, mas pode acabar com desfecho fatal. Os pais precisam mesmo ficar atentos e tomar cuidados que antes não tomavam”.
Fragilidade extrema
A especialista comenta que é difícil perceber o quanto sério as coisas podem ficar, por ser através da internet. “Diferente de quando os desafios, por exemplo, eram praticados pessoalmente, entre os grupos dos adolescentes. O que nós costumamos falar é que se não houver vigilância e participação proativa dos pais, as crianças correm risco”.
Avaliando a forma de agir dos chamados curadores (os responsáveis por ditar as missões dos jogadores do Baleia Azul), Patrícia ressalta que é muito fácil para essas pessoas invadirem os computadores dos adolescentes. “São diversas as formas utilizadas. Muitos dos participantes têm domínios técnicos. Eles não só conseguem informações acessadas pelos computadores das vítimas, como também têm conteúdo suficiente para ameaçar essas pessoas”.
Como prevenir?
A primeira dica da advogada é entender que precisa haver vigilância e os pais devem observar o comportamento de seus filhos, saber o que acessam e verificar quais grupos de Whatsapp e Facebook eles participam. “A mudança de comportamento, emagrecimento ou ganho de peso e ainda atitudes mais agressivas são sinais de que o adolescente pode estar sofrendo chantagem ou ameaça digital”.
Além disso, outra dica importante é usar tecnologias de segurança. “Se nós temos fechadura em casa, temos que ter fechaduras na internet também. Senhas seguras são extremamente importantes”. O conselho é criar senhas que tenham letras, números, caracteres especiais e pelo menos 10 dígitos. “Não use nome ou datas de nascimento, que são coisas fáceis de serem descobertas”.
Sou vítima, e agora?
Segundo a advogada, tanto a lei como o Judiciário ainda não conseguem trazer para a vítima e a família uma resposta tranquilizadora, porque o processo é lento e não é imediato. “Por isso, as medidas, nestes casos, são preventivas. Temos que evitar que aconteça, porque depois que acontece tudo é feito para apenas diminuir o prejuízo”.
Nos casos em que o crime aconteceu, a vítima deve procurar a Polícia Civil. “A denúncia deste tipo de crime depende muito da primeira atitude da vítima ou dos parentes. É importante ter registros de provas, prints de telas, em alguns casos até a separação do equipamento que foi usado, celular ou computador, por exemplo, tudo vai ser analisado pelos policiais”.
Outra dica é que as denúncias não sejam feitas somente à polícia. “Todas as redes sociais têm um meio próprio de denúncias. É importante deixar a ferramenta ciente do fato porque assim como ambientes físicos e privados têm que garantir a segurança dos usuários, na internet é a mesma coisa”.
A advogada alerta que, em todo o país, os crimes cometidos pela internet podem ser denunciados ao Núcleo de Combate aos Ciber Crimes, o Nuciber, e também em qualquer outra delegacia. “O importante é denunciar”, reforça. Na capital, o Nuciber atende através do telefone (41) 3321-1900.