Um bar localizado na Rua Délcio Barreto, na Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi o local escolhido por atiradores que aterrorizaram os clientes na noite deste sábado (10). No tiroteio promovido pelos assassinos, um homem morreu na hora e outras duas pessoas foram baleadas. Entre os feridos, está um adolescente de 16 anos, com síndrome de Down, que morreu depois no hospital.
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À polícia, as testemunhas relataram ter vivido minutos de terror. Segundo elas, muitos tiros foram disparados e o desespero tomou conta do estabelecimento. Um veículo Peugeot 307 preto, ocupado por pessoas armadas, teria passado pelo local e duas pessoas encapuzadas desceram do carro e foram em direção as vítimas que jogavam sinuca.
De acordo com a Polícia Militar, João Ricardo da Silva Junior, 20 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Outro rapaz, Alexandro Patrick Gonçalves do Nascimento, de 18 anos levou um tiro na cabeça, foi atendido pelo Siate e levado ao Hospital Cajuru em estado grave. A terceira vítima, um adolescente de 16 anos, com síndrome de down, foi levado ao Hospital São José por familiares, em São José dos Pinhais, onde faleceu poucas horas depois. O garoto estava indo comprar refrigerante quando aconteceu o crime. Ele foi atingido por pelo menos quatro tiros.
A polícia acredita que pela quantidade de disparos pelo menos duas armas tenham sido usadas na ação. O delegado Fábio Amaro, que confirmou a morte posterior do adolescente, pede à população que passe informações que ajudem a solucionar o crime. A denúncia pode ser feita anônima pelo telefone 0800-6431-121.
Tráfico na Vila
A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) não descarta a possibilidade do crime ter relação com o tráfico de drogas na região. Aliás, a briga entre os traficantes locais já chegou a afetar a vida dos moradores da Nossa Senhora da Luz.
Éder Conde já é velho conhecido da polícia desde o ano 2000, quando foi detido por um homicídio na vila, mas acabou liberado por falta de provas. Dois anos depois, ele foi acusado de assassinar Eva Antônia Silveira, a “Evinha do Pó”, conhecida por dominar o tráfico de cocaína em Curitiba na época.
Já em 2005, Éder foi preso na Operação Tentáculos, que investigava a morte do major da Polícia Militar, Pedro Plocharski. Na época, Plocharski era comandante interino do 13.º Batalhão da PM e investigava um milícia, formada por traficantes, advogados e policiais corruptos, que agiam para “proteger” o tráfico na região, entre outros crimes que amedrontavam os moradores locais.
Segundo os moradores da vila, Diandro Cláudio Melanski era o braço direito de Éder, que, em 2010, era o patrão do tráfico no bairro. No mesmo ano, quando Éder foi preso pela Polícia Federal com drogas, armas, munições e dinheiro, Diandro assumiu a posição do ex-patrão. O fato gerou uma rixa entre ambos. Éder saiu da cadeia em 2015, mas foi preso logo em seguida pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por usar policiais como segurança, mas pouco tempo depois estava solto.
Diandro foi assassinado em julho deste ano, na Vila Nossa Senhora da Luz, e a polícia investiga Éder como suspeito do crime. Éder foi preso logo em seguida ao crime. Não pelo homicídio, mas por tráfico de drogas novamente.