Um abatedouro clandestino que funcionava em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi fechado no final da tarde desta quarta-feira (28). A ação foi um trabalho conjunto da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que encontrou até trabalho escravo. A suspeita da polícia é de que o local abastecia mercados e restaurantes de Curitiba e RMC.
A investigação começou há 40 dias. “Um PRF suspeitou por causa da grande presença de urubus na região e começou a investigar o que acontecia ali”, comentou o delegado Guilherme Rangel, da Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon) de Curitiba. Pouco tempo depois, houve a denúncia.
- Polícia está na cola de 27 pessoas monitoradas por tornozeleira eletrônica
- Polícia deflagra nova fase de operação contra fraude nos combustíveis
- Dono de tradicional churrascaria de Curitiba é preso por furto de frangos
Segundo as investigações, que foram feitas num trabalho também conjunto entre a Delcon e a Delegacia de Campo Largo, além de não ter autorização para funcionar, o estabelecimento não atendia às normas de higiene necessárias. “Nenhuma condição de higiene. A situação lá dentro era péssima, das piores possíveis”, detalhou o delegado.
A suspeita é de que os animais eram comprados de propriedades rurais da região e depois vendidos para os comércios da região. Antes da chegada das equipes policiais, nesta quarta, pelo menos 22 bezerros tinham sido abatidos no local.
Trabalho escravo
Além da situação de calamidade encontrada no interior do estabelecimento, outro ponto assustou até mesmo os policiais. “Quatro funcionários do abatedouro trabalhavam no local em condições muito semelhantes à de escravidão. Ganhavam R$ 600 por mês e sequer podiam sair do local”, contou Guilherme Rangel.
Estes quatro funcionários, que também eram mantidos em péssimas condições dentro do estabelecimento, devem agora receber atendimento necessário. “Eles foram retirados de lá, ouvidos e agora podem ter suas vidas”.
Abatedouro fechado
O estabelecimento foi lacrado pela Vigilância Sanitária. Pelo menos uma pessoa, que seria um motorista do abatedouro, foi preso e encaminhado à Delegacia de Campo Largo. “Os proprietários do local nós não encontramos, mas foram identificados e devem ser interrogados pela Polícia Civil nos próximos dias”, explicou o delegado.
Os envolvidos vão responder por crime contra o consumidor, por venda de mercadoria imprópria para o consumo, crime ambiental e também por trabalho escravo. A carne apreendida no local ficou sob responsabilidade da Vigilância Sanitária, que deve fazer o descarte correto já que não pode ser doada por não haver nenhuma informação sobre a qualidade e se poderia mesmo ser consumida.
Trabalho continua
O próximo passo das investigações agora é confirmar quais eram os clientes que compravam as carnes após o abate. Churrascaria e outros estabelecimentos conhecidos de Curitiba já estão como suspeitos e devem ser investigados, mas a polícia não passou nomes de quais seriam estes locais.