Rio – O setor de Segurança Pública no Brasil sofre com a falta de articulação das informações sobre a criminalidade entre os diversos órgãos nos estados e no governo federal. A conclusão é da coordenadora do Centro de Estudos e Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos.

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Para ela, o setor carece de recursos e de melhor preparo dos profissionais. ?Deixamos o Sistema de Segurança Pública e as polícias para lá e o sistema penitenciário mais ainda. O Fundo Nacional que o governo investe para o país inteiro tem R$ 140 milhões. Só em São Paulo se investem R$ 6 bilhões, por ano em Segurança Pública?, disse.

Na avaliação da pesquisadora, a situação que explodiu, com conflitos no sistema penitenciário em vários estados do país, vem de muito tempo, desde os anos 80. ?Em geral, nossas polícias são abandonadas, são mal pagas e mal treinadas?. Silvia Ramos destacou que o problema não é só de São Paulo, Rio de Janeiro ou de outros estados.

?Nós despertamos tardiamente para o fato de que é preciso investir na área de Segurança Pública. É como se tivéssemos deixado, o que investimos em Educação e Saúde, a Segurança abandonada?, analisou em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

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Segundo a Coordenadora do Centro de Estudos, a abrangência do problema não foi avaliada pela sociedade brasileira, não só pelos órgãos públicos, mas por pesquisadores das universidades e organizações de Direito. De acordo com a professora, não há nada, hoje no Brasil, que se possa chamar de Plano Nacional de Segurança Pública.

?Nós não temos um sistema integrado, então, um criminoso é preso em Minas ou Espírito Santo e pode estar sendo procurado no Rio de Janeiro. Não há nenhum sistema decente hoje no Brasil minimamente articulado de Segurança Publica?, afirmou. Silvia Ramos lembrou que não existem dados sobre criminalidade atualmente no país.

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?Nós usamos os dados da Saúde para saber as taxas de homicídios do Brasil. Cada estado tem um critério para contabilizá-los. Aquela unificação que fizemos na área da Saúde, no final dos anos 80, com o SUS, não aconteceu ainda na Segurança Pública. Estamos muito distantes?, acrescentou.

Mesmo assim, a pesquisadora afirmou que não há razão para desespero. ?Muitos países deram respostas ao problema da violência quando estava mais profundo até do que do caso brasileiro. Foi o que aconteceu, em Cali, Bogotá e em Medellín, na Colômbia. A pior resposta nesta hora são a raiva e o desespero?.