O segundo vice-presidente nacional do PT, Romênio Pereira, questionou hoje, em Belo Horizonte, o argumento do presidente nacional do partido, José Genoino, de que não sabia que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza era o avalista de um contrato de empréstimo de R$ 2,4 milhões do Banco BMG. "Um pedido de empréstimo de R$ 2 5 milhões e você não sabe quem é que está por trás disso?", perguntou, por telefone, a Genoino. "Eu acho muito difícil (a versão de Genoino), até porque o brasileiro é muito desconfiado. Eu desconheço você fazer um empréstimo num valor tão alto – que é muito alto -, você não querer saber tudo que está ali."
Na conversa, o presidente nacional do PT repetiu que desconhecia os detalhes do documento que assinou e que confiou nas informações prestadas pelo tesoureiro nacional da legenda, Delúbio Soares -, versão pouco convincente, na opinião de Pereira.
A revista "Veja" revelou na última edição que Valério – apontado pelo presidente nacional licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), como o principal operador do "mensalão" – avalizou um empréstimo de R$ 2,4 milhões para o PT em 2003 e quitou uma prestação de R$ 349,9 mil.
O publicitário é sócio das agências SMPB Comunicação e DNA Propaganda, que possuem diversos contratos com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista a uma emissora de rádio da capital mineira o segundo vice-presidente nacional do PT reclamou que o empréstimo do BMG "nunca foi levado à executiva nacional, nem ao diretório nacional".
Afastamento
Mas, apesar de criticar o raciocínio de Genoino, Pereira não defende de imediato o afastamento dele do cargo. "Eu estou preferindo ouvi-lo amanhã (05) primeiro", disse em referência à reunião da executiva nacional da sigla, em São Paulo.
O segundo vice-presidente nacional petista admitiu, porém, que, após as últimas denúncias, é pressionado a defender também a saída de Genoino. "A militância do PT está acuada. Quem pode dar essas respostas de maneira mais rápida somos nós", observou Pereira, que integra a tendência Movimento PT.
Caso o presidente nacional do PT renuncie ou afaste-se, Pereira não aceita assumir o comando da agremiação para um "mandato-tampão", uma vez que a primeira vice-presidente nacional do PT, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, também resiste à idéia. Segundo o segundo vice-presidente do PT, na hipótese de afastamento de Genoino, a função deverá ser ocupada por outro integrante do Campo Majoritário.
Pereira afirmou acreditar que a reportagem da "Veja" quase decretou o afastamento de Soares e Sílvio Pereira. "Nós já sinalizamos pelo pedido de licença, de afastamento, do tesoureiro e do secretário-geral da direção", observou.
A revolta maior é com Soares. De acordo com o segundo vice do PT, ele assegurou, na última reunião partidária, que não existia um envolvimento "tão grande" de Valério com a cúpula petista.
"Além de ser um avalista, o cara paga uma prestação do PT. De uma empresa que tem relação forte de publicidade com o governo federal", ressaltou.
