Brasília ? O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acredita que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB), Henrique Pizzolato, deve ser responder por crime de peculato ? desvio de dinheiro público. Para Serraglio, o ex-diretor cometeu crime ao antecipar o pagamento de contratos de R$ 35 milhões. Pelas investigações da CPMI, Serraglio afirma que R$ 9 milhões desses contratos não foram realizados.
A Visanet é uma empresa controlada por 21 bancos e tem como principais acionistas o Banco do Brasil, Bradesco e ABN-Amro Bank. O Banco do Brasil detém cerca de 33% das ações da Visanet. Segundo Serraglio, cada cotista da Visanet tem direito a usar uma parte do fundo de publicidade da empresa. Até 2003, a participação do Banco do Brasil na publicidade da Visanet era compartilhada entre três empresas que detinham as contas do próprio BB.
Serraglio afirma da que, a partir de 2003, uma resolução da diretoria transferiu esta conta para a DNA Propaganda e abriu a possibilidade de se antecipar receita a serviços contratados. "Estamos confrontando, agora, a efetiva realização de serviços e a possibilidade de superfaturamento nos contratos", disse Osmar Serraglio.
Perguntado sobre o envolvimento do PT, como beneficiário dos recursos de publicidade do Banco do Brasil, Osmar Serraglio foi direto: "o mínimo que podemos dizer é que eles são culpados. No caso específico do Delúbio Soares (ex-tesoureiro do partido) o mínimo que houve foi dôlo".
O relator disse que aprofundará as investigações para saber quem mais, além de Pizzolato, foi responsável pela decisão de se antecipar recursos para a DNA, sem a contrapartida da realização dos serviços. "Muita gente colaborou para que não se percebesse isso. Queremos saber se tem gente do partido, do governo", afirmou.
Osmar Serraglio ressaltou que, de todos os cotistas da Visanet, só o Banco do Brasil adotou a política de antecipação de recursos para a empresa de publicidade. "O Banco do Brasil tem responsabilidade sobre a utilização desses recursos", acrescentou.