Brasília ? Desde 1º de outubro, as redes de televisão e rádio do país veicularam propagandas contra e a favor a venda de armas e munições. Dados, estatísticas, depoimentos de anônimos e artistas que já sofreram com a falta de segurança pública brasileira, maquiados ou não por recursos característicos da publicidade comercial, foram levados ao ar pelas frentes parlamentares responsáveis pelas campanhas. Fica a dúvida, no entanto, se a propaganda conseguiu informar o cidadão brasileiro sobre a questão e o ajudou a tomar uma posição para o referendo deste domingo.

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Segundo pesquisa do instituto Ibope divulgada na última sexta-feira (14), 85% dos entrevistados que acompanham as propagandas afirmam não ter mudado de opinião, contra 12% que admitiram ter mudado. A pesquisa também mostra que há um empate técnico entre o sim e o não, com uma vantagem para o não (49%) em relação ao sim (45%). Mas para o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Octaciano Nogueira Filho, a propaganda influenciou o brasileiro.

"Antes do início da propaganda eleitoral, todas as sondagens diziam que em torno de 80% dos brasileiros eram favoráveis à proibição. Depois que a propaganda teve início, a pesquisa do Ibope já deu a vitória do não ao invés do sim", afirma. Um levantamento do Ibope realizado em 2003 apurou que 80% dos brasileiros eram favoráveis à proibição da venda de armas e munições e 16% eram contrários. Para o professor, a diferença entre as pesquisas comprova a tese de que o eleitor mudou de opinião após o início da campanha de rádio e televisão.

Uma das causas para a grande influência da propaganda na opinião do eleitor, segundo Nogueira Filho, é a "inexperiência" do país na realização de referendos. Na avaliação do intelectual, uma questão técnica como a da venda de armas e munição não deveria ser decidida por esse tipo de instrumento. Para ele, a decisão caberia ao Congresso Nacional, que transferiu à população a decisão justamente pela sua alta complexidade.

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"Quem deve decidir se o comércio de armas deve ser proibido ou não é o congresso, e o congresso se demitiu dessa função, está transferindo essa obrigação, porque lá ele sabia que havia dificuldade de aprovar o desarmamento", opina.