Segundo procuradores, Polícia Federal se sujeita a pressões políticas

Esquentou o clima entre a Polícia Federal e os procuradores do Ministério Público Federal responsáveis pela Operação Mão-de-Obra, que investigou fraudes nas licitações de vários órgão públicos. Os procuradores Luciano Rolim e José Alfredo de Paula Silva reagiram às explicações da PF, classificando de "desleal" e "velada" a prática de avisar 24 horas antes a dirigentes de órgãos públicos sobre operações de busca e apreensão e que o órgão se sujeita a pressões políticas. Na seqüência, os dois afirmaram que vão tomar medidas legais para evitar que esses avisos continuem.

"Essa prática era feita a nossa revelia", disse Rolim. "Não tínhamos conhecimento, nunca fomos informados, até porque jamais aceitaríamos". Acusados de terem levantado o caso por razões políticas, os procuradores devolvem no mesmo tom. "Não nos curvamos a esse tipo de pressão. Isso nos distingue da Polícia Federal. A PF parece adotar um comportamento contrário quando avisa os órgãos públicos. Isso significa ceder a pressões, a injunções políticas que possam ser feitas por esses órgãos", acusou Rolim.

Os procuradores pediram nesta quarta-feira (13) informações ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, sobre a prática de avisar os órgãos públicos sobre as operações. "Em tese é crime de improbidade e quebra de sigilo funcional. A investigação corria em segredo. Vamos abrir uma investigação", afirmou Silva. "Nesse caso, o dado é irreversível. Não há como recuperar os documentos que estariam lá. Mas queremos evitar que volte a acontecer". O procurador se refere a busca feita na sala do diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, no decorrer da operação Mão-de-Obra. Os policiais federais avisaram 24 horas antes o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre a busca e pediram que um funcionário acompanhasse. Calheiros designou justamente Agaciel Maia.

A busca na sala do diretor-geral não produziu quase nada aproveitável para a investigação. Chamou a atenção dos procuradores foi o fato de haver cinco cofres vazios na sala, apenas um notebook e dois DVDs. Os procuradores explicaram ainda que não fizeram a denúncia no caso das fraudes no Senado justamente por não terem ainda conseguido reunir provas sobre os servidores envolvidos. Até agora, já existem dados que mostram o envolvimento das empresas Ipanema, Conservo e Brasília Informática nas fraudes de licitação de pessoal terceirizado.

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