O ministro da fazenda, Antonio Palocci afirmou, em entrevista à imprensa, que a política monetária brasileira não será alterada. Segundo ele, a ata do Copom, divulgada ontem (1), deixou bem claro que o ritmo da queda dos juros deverá ser mantido. "Eu não acho que o Copom vá alterar essa avaliação", disse Palocci. "A menos que surjam indicadores que alterem a opinião do Copom."

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Palocci ressaltou que a política monetária tem sido muito eficiente nos últimos anos. "Mas é preciso levar em conta que a política monetária presta serviços ao País com custos, tem efeitos colaterais", disse. "Por isso, o debate sobre a intensidade da política monetária e outras políticas da área econômica é legítimo." Ele observou, no entanto, que "a política monetária não deve mudar apenas por causa de um trimestre". "O terceiro trimestre é apenas um momento", disse. "Não há um indicador de que a queda do PIB é sustentável."

Palocci disse que não rejeita o debate sobre a política monetária, mas frisou que não avalia que haja um erro na ação do Banco Central. "O Ministério da Fazenda não vai ajustar a política monetária. Cabe ao Copom avaliar eventuais alterações." Palocci disse que o Copom "olha a inflação". Segundo ele, a ata do Copom divulgada ontem indica que o ritmo de queda de juros será mantido.

PIB

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Palocci afirmou que não considera que existam erros na metodologia de trabalho do IBGE no cálculo do PIB. Ele observou, no entanto, que o IBGE trabalha com itens que tem caráter sazonal, principalmente produtos do setor agrícola. Como exemplo ele citou o caso do café, cujo ciclo de produção é sempre marcado por uma safra forte, sucedida no ano seguinte por uma safra fraca. "Este foi um ano de safra fraca, que teve um impacto no resultado do PIB do terceiro trimestre", disse Palocci. "Não é um erro, mas o IBGE trabalha com uma metodologia que comporta efeitos técnicos, que interferem no resultado final."

Segundo o ministro, o resultado do PIB do terceiro trimestre tem dois pontos importantes. O primeiro é a manutenção do crescimento do consumo das famílias, resultado do aumento da renda no País. Além, disso, houve uma queda na produção industrial. "O aumento do consumo e a queda da produção industrial sinalizam que será necessário um ajuste de estoque e um aumento de produção das empresas."Palocci disse que já há sinais que mostram um reaquecimento econômico neste quarto trimestre. "O ciclo de crescimento do Brasil não está sendo interrompido."

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O ministro disse também que caso seja confirmado o resultado do terceiro trimestre auferido pelo IBGE, a previsão do governo para o crescimento do PIB para este ano poderá ser revisada para baixo.

Risco

Palocci afirmou que a queda recorde do risco Brasil mostra que o investidor estrangeiro está apostando no Brasil no longo prazo. "Isso significa menos juros cobrados sobre a dívida externa brasileira", disse. Segundo ele, se o País continuar a trajetória de melhora de sua economia, haverá também impacto positivo sobre as taxas de juros domésticas.

Sobre o debate em relação ao câmbio, Palocci afirmou que não há nenhum sinal de que a valorização do real esteja tendo um impacto negativo sobre a conta corrente. Ele admitiu que alguns setores exportadores podem ser mais prejudicados do que outros devido às alterações no câmbio. "Mas há também setores que se beneficiam, e prova disso é que o volume de exportações continua crescendo", disse. "É impossível se ter um câmbio diferente ajustado para cada setor. O importante é que o resultado na conta corrente é positivo e não devemos brigar com boas notícias."

Palocci observou que o governo acompanha atentamente o impacto do câmbio sobre a economia do País. "Considero o debate sobre isso também legítimo, mas o resultado tem sido positivo", reiterou.

Meta

Palocci reafirmou que a meta de superávit primário do governo é de 4,25% do PIB. Ele admitiu, no entanto, que a meta poderá ser superada até o final deste ano. "Mas isso não significa que nós vamos sair por aí fazendo uma gastança no final do ano."

O ministro disse que, na reunião que terá com os ministros de Finanças do G-7, fará um apelo para que seja feito um esforço redobrado para superar o impacto das negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC).