O relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) divulgado nesta sexta-feira (4) em Bangcoc afirma que as florestas têm potencial para reduzir as emissões globais de dióxido de carbono e ampliar a remoção do gás causador do efeito estufa do ar, como parte dos esforços para contenção do aquecimento global até 2030. Atividades ligadas às florestas podem ser planejadas para se integrar a programas de desenvolvimento sustentável, segundo o texto, com impacto positivo na preservação ambiental e na redução da pobreza.
O relatório afirma que 65% de todo o potencial de mitigação abaixo de US$ 100 – esse potencial é definido como o custo de se remover uma tonelada de dióxido de carbono do ar – está nos trópicos, e 50% desse potencial poderia ser atingido com reduções no desflorestamento. O texto adverte que a mudança climática poderá afetar esse potencial. Os biocombustíveis, como o etanol, poderão desempenhar um papel importante na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, com potencial para representar de 3% a 10% da demanda total de energia para transportes em 2030.
O texto adverte, porém, que a redução nas emissões depende do modo como o biocombustível será produzido e na disponibilidade de terra arável e de água. "O uso disseminado de terra agrícola para produção de biomassa para energia poderá competir com outros usos da terra, com efeitos ambientais e na segurança alimentar da população que podem ser tão "positivos quanto negativos.
Energia nuclear
A energia nuclear é citada como opção que pode chegar a 18% da geração de eletricidade até 2030, mas o relatório menciona preocupações como "segurança, proliferação de armas e resíduos" como restrições à adoção dessa opção.O relatório enfatiza, ainda que as medidas a serem tomadas nas próximas duas a três décadas "terão o maior impacto nas oportunidades de atingir níveis de estabilização" dos gases do efeito estufa mais baixos.
O IPCC afirma ainda que opções de eficiência energética para a construção civil poderão trazer grandes reduções na emissão de gases causadores do efeito estufa, com benefícios econômicos. O setor de construção poderia ganhar dinheiro reduzindo suas emissões em até 30% até 2030, segundo o relatório. As dificuldades seriam de "disponibilidade tecnológica, financiamento, limitações de projeto e pobreza".