O coordenador da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, afirmou, nesta terça-feira, que, se a trajetória de valorização do real continuar, as decisões de investimentos no País poderão ser prejudicadas. Segundo ele, embora o câmbio ainda não tenha afetado o resultado da balança comercial, ele poderá desestimular novos investimentos.

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Na avaliação de Castelo Branco, a valorização do real em relação ao dólar, acima da observada nas moedas de outros países, tem feito com que o Brasil perca a chance de crescimento oferecida pela economia mundial.

Ele lembrou que países asiáticos e o Chile, por exemplo, têm crescido em níveis bem mais elevados que o Brasil porque têm tido taxas de investimentos também muito maiores. "Destravar investimentos é o desafio maior que a economia brasileira tem", afirmou. Segundo Castelo Branco, as taxas de investimento no Brasil não são maiores em razão das altas taxas de juros, do câmbio valorizado e da crise política.

"É um convite ao não investimento", avaliou outro economista da CNI, Paulo Mol, lembrando que a taxa de juros real no Brasil, está acima de 14% ao ano. Segundo ele, não existe nenhum outro país no mundo com juros reais tão altos. Por isso, avaliou, é mais interessante para os empresários aplicar em títulos públicos do que investir.

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A CNI prevê um crescimento nos investimentos de 4% este ano, expansão tímida se comparada aos 10,9% de 2004. Mas Castelo Branco acredita que o início da trajetória de queda dos juros, a desoneração de impostos sobre bens de capital e o aquecimento da demanda interna devem trazer um panorama mais favorável para os investimentos em 2006.