As obras do primeiro grande alcoolduto do País – para escoar etanol de Goiás ao Porto de São Sebastião, em São Paulo – nem começaram e a Petrobras já bateu o martelo para um segundo projeto do tipo. O duto será igualmente extenso, com cerca de 900 quilômetros, e ligará Campo Grande ao porto de Paranaguá (PR). A estimativa é de que os dois alcooldutos custem em torno de US$ 2 bilhões. "Temos de acelerar a logística para preparar o aumento das exportações de etanol, principalmente para a Ásia", diz o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Ele informou que estão catalogados 40 projetos privados de fornecimento de álcool para o Japão. A estatal negocia, ainda, o abastecimento dos mercados na Coréia, África do Sul e China. Esta semana, uma missão da Petrobras foi à China para identificar novas oportunidades de negócios neste e em outros segmentos. Há dez dias, a estatal fez seu primeiro embarque para os Estados Unidos, numa carga de 12 milhões de litros de álcool. Antes, apenas produtores privados exportavam o produto para o mercado norte-americano.
"Os Estados Unidos serão um grande mercado", diz Costa, revelando, contudo, que a aposta mais imediata na Petrobras é na Ásia. "Vamos vender para o Japão de 3,5 bilhões a 4 bilhões de litros de etanol por ano até 2010. É mais do que todo o volume vendido pelo Brasil ao exterior no ano passado, que foi de 2,8 bilhões", exemplifica o executivo.
O primeiro alcoolduto foi formalmente anunciado no início do mês pelo presidente Lula, como obra integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Até 2010 nós teremos que ter o duto passando por essa região", discursou o presidente, na ocasião, em solenidade na cidade mineira de Uberaba. Com 1.150 quilômetros, a rede sairá de Senador Canedo, em Goiás, atravessará Minas em direção a São Paulo, passando por Ribeirão Preto, maior região produtora de álcool, e pela Refinaria de Paulínia, a maior do País, até chegar ao porto. O tempo previsto de construção da gigantesca obra é de dois anos.
"A Mitsui participa deste projeto com a Petrobras. Para o segundo alcoolduto, ainda estamos negociando parcerias", diz Paulo Roberto Costa, não descartando a possibilidade de a trading japonesa integrar também este projeto. "Nossa intenção é casar estes projetos de dutos com contratos de fornecimento que serão fechados em toda a Ásia", afirma o executivo. A preparação da infra-estrutura prevê, ainda, a contratação de navios adaptados para transportar o produto.
Costa lembra que o Brasil está se beneficiando de uma estratégia de diversificação japonesa que busca novas fontes de suprimento. Hoje, o Japão é muito dependente de exportações do Oriente Médio que, devido aos próprios conflitos da região, torna a situação do mercado japonês bastante vulnerável. "Com base nesta busca de diversificação estamos fechando parcerias com a Mitsui, com a Coréia e nos interessa todo o mercado asiático", diz ele.