O gerente executivo de Desenvolvimento Energético da Petrobras, Mozart Shmitt de Queiroz, argumentou nesta sexta-feira (17), em entrevista, que já seria possível no Brasil, teoricamente, a mistura de até 20% de óleo vegetal, o biodiesel, ao óleo diesel comum. Segundo ele, esta proporção de 20% já foi testada e é utilizada fora do Brasil. "Há uso na Europa de até 50% sem desgaste de veículos. No Brasil, infelizmente existe um lobby dos fabricantes de veículos, que impede testes acima dos 5%", comentou.
Pela legislação atual, a mistura de 2% será obrigatória em todos os postos a partir de 2008. No mesmo período, fica autorizada a mistura de 5%, que passa a ser obrigatória a partir de 2013. "Há condições suficientes de o Brasil encurtar este prazo entre uma e outra mistura e até mesmo ampliar gradualmente o porcentual de adição", comentou em entrevista após participar de seminário sobre energias alternativas hoje no Rio de Janeiro.
Indagado sobre a oferta do biodiesel no País, ele lembrou que para abastecer integralmente todos os veículos movidos com diesel com a mistura de 2% seriam necessários 800 milhões de litros de biodiesel anuais. Já para a mistura de 5% seriam necessários 2 bilhões de litros anuais.
"Se considerarmos a produção atual de óleo de soja de 10 bilhões de litros e o consumo atual de diesel, de 40 bilhões de litros, já percebemos que seria possível a mistura de 20%, sem considerar as plantas de biocombustível que estão surgindo em todo o País", disse.
Portanto, continuou o executivo, a oferta é "crescente" e já seria "suficiente nos dias de hoje, se houvesse maior incentivo à fabricação de óleo de soja, no lugar dos incentivos à exportação de grãos. O que não faz sentido é o Brasil exportar grãos e importar diesel".
Um empecilho para o aumento na adição do biocombustível ao diesel, lembrou o executivo, é a variação de preços no mercado internacional. "Quando o programa do biodiesel começou, o preço do petróleo estava nas alturas, batendo na casa dos US$ 70 por barril, e ninguém sabia onde iria parar. Em comparação, na mesma época, o óleo de soja estava em baixa no mercado internacional. Hoje, esta proporção inverteu. Então tem que haver uma constante avaliação para saber o ponto de equilíbrio nesta substituição", argumentou.