Rio ? O índice de miséria no Brasil caiu 8% de 2003 para 2004, deixando o país com a menor proporção de miseráveis desde 1992. A redução da taxa foi fortemente influenciada pela queda na distância entre os ricos e pobres no Brasil, registrada em três anos consecutivos. Somente em 2004, a desigualdade caiu duas vezes mais do que no ano anterior. Os dados são do estudo Miséria em queda ? Mensuração, Monitoramento e Metas, elaborado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado hoje (28) pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.
Para o coordenador do estudo, Marcelo Néri, se não houvesse redução na concentração de renda, a queda da taxa de miséria no ano passado teria sido de 2,7%. "Ainda não é possível dizer que a redução do abismo entre ricos e pobres é uma tendência de longo prazo, mas o fato da queda ter acontecido por três anos consecutivos é inédito na história brasileira dos últimos 30 anos, além de ter passado por governos diferentes e de uma maneira muito forte", avaliou.
Néri também atribuiu a queda da pobreza ao crescimento econômico do país e listou fatores como estabilidade da inflação, reajuste do salário mínimo, recuperação do mercado de trabalho, aumento da geração de empregos formais e ainda o aumento da presença do Estado na economia, com uma maior transferência de renda para a sociedade. Ele disse ainda que o aumento da taxa de escolarização da população tem sido fundamental para a redução da desigualdade entre ricos e pobres.
"Há uma nova geração de programas sociais que está fazendo a sociedade brasileira enxergar que é preciso dar mais a quem tem menos e entre os exemplos estão o programa Bolsa Família e o programa de aposentadoria rural. A cobertura destes dois programas alcança os bolsões de pobreza das zonas mais distantes dos grandes centros, reduzindo bastante a miséria no país".
De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas, em 2004, 25,08% da população brasileira vivia abaixo da linha de pobreza, ou seja, ganhava menos de R$ 115,00 por mês. Em 2003, eram 27,26% dos brasileiros.
Néri explicou que, na avaliação da FGV, o Brasil segue um ritmo compatível com o das Metas do Milênio, que busca reduzir a pobreza à metade em 25 anos (de 1990 a 2015).