A nove dias do encontro entre os presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Samuel Bodman, elogiou o Brasil por seu "formidável trabalho para sair de suas vicissitudes energéticas no último quarto de século e alcançar a auto-suficiência". Falando a um grupo de empresários americanos interessados em detalhes de um eventual acordo entre Lula e Bush a respeito da produção de etanol, Bodman fez ontem uma previsão: "Quando os dois países trabalharem juntos serão cada vez menos dependentes do mercado energético mundial." Lula receberá Bush no próximo dia 8 e o visitará na Casa Branca, talvez no dia 31.
Os empresários foram embora sem nenhuma informação sobre tal acordo. "Isso é algo que só o presidente poderá revelar", avisou Bodman. Para os produtores do etanol americano, que é extraído do milho, e não do álcool, os esforços para expandir esse mercado energético são uma ótima notícia. Significam milhões de dólares em créditos oficiais, venda de tecnologia ao Brasil e novos mercados como China e Índia.
O projeto americano é globalizar a produção, estendendo seu consumo à Ásia e à Europa. Nessa operação, o Brasil entraria com a tecnologia para a cana-de-açúcar, que poderia ser explorada também em outros países de clima tropical. Ficaria garantida maior oferta de etanol no mercado mundial e os americanos reduziriam sua dependência do petróleo de países hostis, como a Venezuela. Internamente, os EUA produzem hoje 40% do petróleo que consomem.