O secretário Nacional de Direitos Humanso, Paulo Sérgio Pinheiro, disse hoje (11) que a concessão do Nobel da Paz para o ex-presidente Jimmy Carter ?tem um significado especial para o Brasil, porque ele teve um papel decisivo na nossa transição para a democracia?.
Pinheiro está em Washington para audiências na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, onde correm vários processos por violações aos direitos humanos no Brasil, nos anos 80 e 90. ?A comunidade das organizações e pessoas que se dedicam à proteção dos direitos humanos em nosso País se sente recompensada por esse reconhecimento ao presidente Carter?.
Segundo ele, três atitudes que Carter teve como presidente do Estados Unidos (1977-1981) ajudaram de forma importante aqueles que trabalhavam pela proteção dos direitos humanos e a restauração do regime de direito no País. ?Uma foi a posição extremamente principista de Carter no que diz respeito às graves violações aos direitos humanos que estavam sendo cometidas no Brasil, como o casos de tortura?, afirmou. ?A segunda foram as visitas que ele e sua mulher, Rosalyn, fizeram ao Brasil no começo da nossa transição política?.
Pinheiro citou, também ?as atuações precisas em relação a alguns casos e asilo político que ele deu a alguns oposicionistas brasileiros que estavam exilados na época, como foi o caso do ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola.? Robert Pastor, ex-assessor de Carter para a América Latina no Conselho de Segurança da Casa Branca, contou hoje à AE que quando o líder americano visitou o Brasil, em 1978, reuniu-se com Fernando Henrique Cardoso.
O sociólogo e professor, que fora banido da universidade pelo regime militar e preparava-se para entrar na política como candidato do MDB ao Senado, contou a Carter que não conseguia visto de entrada nos EUA porque estava numa lista negra. ?Eu tratei pessoalmente da revogação da ordem e comuniquei a Cardoso que o visto seria concedido?, contou Pastor, que é hoje vice-presidente da American University. ?Em 1980, quando Cardoso visitou Washington, fiz questão de acompanhá-lo num tour da Casa Branca?.