O secretário de Imprensa da Presidência da República, jornalista Ricardo Kotscho, está deixando o cargo. Fontes do Planalto confirmaram ontem sua saída mas ainda não está definido seu substituto. Um dos nomes cotados é o do atual subsecretário, Fábio Kerche. Também não foi divulgada a data de seu afastamento. Mesmo fora do Palácio do Planalto, porém, ele continuará auxiliando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com uma fonte da presidência.
A saída do secretário já era esperada há alguns meses e deve-se a motivos pessoais. Ele quer se dedicar mais à família. Ao assumir o cargo, Kotscho teria acertado sua permanência no governo por um período de dois anos, que se encerram em dezembro. Kotscho assessorou Lula em três campanhas presidenciais, em 1989, 1994 e 2002, e participou das “caravanas da cidadania” que percorreu várias localidades do País.
Sua passagem pela presidência foi marcada por uma série de desentendimentos com os repórteres encarregados da cobertura da Presidência da República. Avesso a celular e computador, no primeiro ano do governo, ele não admitia que os jornalistas abordassem o presidente, mesmo quando Lula favorecia e permitia a abordagem. E chegou mesmo a dar tapa nas mãos de um repórter que, gravador em punho, fazia perguntas ao presidente. Os episódios não se repetiram este ano.
Em 2004, Kotscho teve dissabores dentro do próprio Palácio. Ele foi voto vencido no episódio em que o presidente Lula decidiu cassar o visto de permanência do repórter norte-americano Larry Rohter, que havia escrito uma reportagem que desagradou o Planalto. Horas depois que a decisão foi anunciada, Kotscho participou de um programa Roda Viva na TV Cultura para discutir o artigo do NY Times. Abatido, lembrou de sua trajetória na imprensa, pediu o controle interno nos jornais para evitar matérias irresponsáveis e disse que, depois de o governo tomar uma decisão, assessores e ministros devem cumprir.
Mais recentemente, Kotscho foi um dos defensores do projeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), enviado ao Congresso pelo Executivo. Esse conselho provocou um desgaste à imagem do governo, que recebeu críticas generalizadas por ser considerado autoritário e um potencial cerceador da liberdade de imprensa no País. Kotscho afirmava que se tratava de uma antiga reivindicação da categoria, discutida em vários congressos promovidos pela Federação Nacional dos Jornalistas. Ele entendia que a existência do CFJ iria enobrecer a função jornalística, que estaria equiparada a outras profissões liberais.
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