O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, saiu em defesa de José Dirceu e reiterou a oferta de seu próprio cargo para reincorporar o ex-deputado no comando petista. Tampouco a "página virada" a que se referiu o ex-todo-poderoso do governo Lula e do PT, segundo Ferreira, significa seu desligamento do partido. "Sem dúvida ele ainda tem lugar no PT." Nem significa, também, que ele jogará contra os interesses petistas, sustenta Paulo Ferreira. "Dirceu tem a lucidez do seu papel no governo e no partido", disse. "Inclusive para ajudar a reeleger o presidente Lula."
"Eu queria que o Raul Pont fizesse mais declarações (negativas) sobre o PSDB e o PFL do que sobre o PT", ironizou Paulo Ferreira, referindo-se às críticas do secretário-geral do partido a respeito de Dirceu. "Ele (Pont, ligado à esquerda petista) ainda tem o olhar da disputa interna do partido."
De acordo com o ex-tesoureiro, não há hipótese de o ex-deputado ser julgado pela Comissão de Ética do partido, como querem Pont e o ex-presidente Tarso Genro. As opiniões de Tarso, avalia, refletem um "acerto de contas" pessoal entre ele e Dirceu na disputa pelos rumos do partido após a crise.
Para Ferreira, o partido falhou, sim, na defesa do ex-deputado. A direção da legenda só manifestou oficialmente sua solidariedade a Dirceu após a cassação. "O governo de transição do PT (que vigorou de julho a outubro, com Tarso Genro como presidente e Ricardo Berzoini como secretário-geral) não compreendeu a disputa política travada contra o PT e o governo, pela oposição e pela mídia, que escolheu Dirceu como símbolo", disse o secretário. Foi cassado sem provas, repetiu, e sua inocência ficará clara. "Não há na história do País alguém cassado que tenha a importância, a repercussão que ele mantém.