O secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse há pouco que não tem dúvidas da participação do dono da fazenda Nova Alegria, Adriano Chafik, no assassinato de cinco integrantes do Movimento dos sem-terra (MST), ocorrido no sábado em Felisburgo (MG). "Eu não tenho dúvida. Mas o inquérito precisa de provas materiais da participação dele no atentado. Temos que ter paciência", disse.
Nilmário afirmou ter tido informações de que o fazendeiro teria sido visto comprando colchões e dirigindo uma Toyota que teria conduzido os assassinos ao acampamento dos sem-terra. Outra informação que levaria à participação do fazendeiro no crime, segundo o secretário, é que um dos pistoleiros estava encapuzado e a suspeita é que seria Chafik.
Segundo Nilmário, cinco pessoas já foram presas e sete estão sendo procuradas numa operação que tem a participação da Polícia Federal. "Não haverá impunidade", disse. Nilmário não acredita que o crime cometido em Felisburgo provoque uma onda de atentados contra o MST em todo País. Ele informou que por causa do empenho do governo Lula no combate a este tipo de crime, os policiais deixaram de participar desses atentados, como em Eldorado dos Carajás (PA), e foram montadas milícias privadas.
"A PF e Abin (Agência Brasileira de Informação) estão fazendo levantamentos para identificar estas milícias privadas", informou o secretário. Além disso, ele citou a lei do desarmamento e a criminalização do porte de armas como dois mecanismos que vão ajudar no combate a esse tipo de crime, além de uma preocupação maior das autoridades.
O exemplo disso, citou Nilmário, é que o coronel Pantoja condenado por participar do massacre de Eldorado dos Carajás, foi preso essa semana depois que o Tribunal de Justiça do Pará negou-lhe o pedido de recorrer da sentença em liberdade. O secretário deu as declarações após participar da Segunda Jornada de Debates sobre Trabalho Escravo que ocorre hoje e amanhã no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de Nilmário Miranda, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, defenderam a aprovação da emenda constitucional que prevê a expropriação de terras de fazendeiros que explorem o trabalho escravo.