A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) quer que a política de saúde dedique atenção especial à população negra. Para isso criou o Comitê Técnico de Saúde da População Negra formado por representantes do governo, da sociedade civil e profissionais da área. De acordo com o coordenador do comitê, Luiz Antônio Nolasco, o grupo está reunindo informações para que o Plano Nacional de Saúde possa ter um capítulo específico sobre a população negra.
"Em breve nós teremos, não só as proposições do Programa Nacional de Saúde da População Negra aprovadas, mas teremos um Plano Nacional de Saúde completamente conectado com a política de promoção da igualdade racial", destaca o coordenador do comitê.
Dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) mostram que a taxa de mortalidade das mulheres negras com idade entre dez e 49 anos é três vezes maior quando se trata de complicações no período da gravidez e do parto. Além disso, 10% da população negra sofrem de problemas relacionados à anemia falsiforme. Na cidade de São Paulo, ficou comprovado que 69,5% dos mortos pela doença eram homens negros com até 54 anos de idade, contra 45,1% entre os homens brancos.
"No caso tanto da anemia falsiforme, quanto na questão da gravidez, no parto, na área materno-infantil em geral, estamos percebendo um conjunto de fatores que nos leva a crer que há necessidade de um olhar mais atento por parte dos profissionais da rede para essa população", alerta o coordenador.
Um dos objetivos é oferecer aos profissionais da saúde, como enfermeiros, médicos e atendentes, um banco de dados com informações sobre doenças específicas da população negra, evitando ainda problemas relacionados à discriminação racial, como a desatenção ao paciente negro.