Secretaria da Agricultura assume a produção florestal no Paraná

Foi lançado nesta segunda-feira (22), em Curitiba, o Programa Florestal Produtivo para o Paraná, que delineia ações para os próximos 100 anos na silvicultura do estado e, ao mesmo tempo, transfere o setor de cultivo de árvores do âmbito da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) para a Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab). "O setor de floresta plantada precisava ser considerado área produtiva e a Sema tem a função mais fiscalizadora, não de fomento, por isso essa transferência é tão importante", disse o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Álvaro Scheffer, durante a cerimônia de lançamento, que reuniu políticos, representantes sindicais, empresários, produtores e estudiosos do assunto.

Segundo Scheffer, a medida possibilitará o incremento produtivo e, também, possui grande relevância na proteção ambiental. "Como vai permitir a disponibilização de uma grande quantidade de floresta numa área menor, preservará, com isso, a floresta nativa", comenta. A mudança de foco, na opinião dele, contempla todo o complexo florestal. "O uso da madeira da floresta plantada não é tão vista como, por exemplo, se vê o aço usado na produção de veículos. Mas este aço tem maior qualidade quando é produzido a partir do carvão vegetal, que vem da madeira", exemplifica.

Na opinião do coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Fiep, Roberto Gava, o lançamento do programa é motivo de comemoração. "A produção florestal está passando para um órgão que cuida do cultivo, de quem planta e de quem colhe", complementa, informando que ao ser transferida a competência para a Seab, é corrigida uma distorção que perdura há cerca de 40 anos. Posicionamento semelhante, conforme Gava, que é também presidente executivo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), precisa ser seguido pelo governo federal, passando a gestão da silvicultura do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura.

Ao lançar o Programa Florestal Produtivo, o governo do Paraná apresentou um plano de ações integrado por 10 projetos específicos para disciplinar e estimular o plantio de florestas no estado. De acordo com o chefe da Divisão de Cultivos Florestais da Seab, Amauri Ferreira Pinto, o programa nasce da necessidade de se colocar a área florestal produtiva a serviço do desenvolvimento rural. "Acreditamos que conseguiremos isso mediante a introdução do componente florestal nos sistemas típicos de produção paranaense, como a soja e o milho", afirma.

Uma das primeiras ações do programa é promover levantamento da produção e do consumo no estado. Estimativas iniciais apontam que o Paraná possui cerca de 3% de seu território ocupado por florestas plantadas. Serão implantados 10 programas, que consumirão, no primeiro ano, o total de R$ 28 milhões do governo estadual, volume que aumentará posteriormente, para atividades em igual período, para R$ 40 milhões. Um dos projetos é chamado Diflor, que consiste na difusão de tecnologia de produção florestal.

Números

O complexo florestal produtivo paranaense é a segunda cultura mais importante do agronegócio – correspondendo atualmente por 8% do PIB do Estado e contribuindo com 12% da exportação -, sem contar que é o terceiro segmento voltado ao mercado externo, ficando somente atrás do setor automotivo e de soja e seus derivados.

Atualmente, de acordo com a Apre,, a produção, a industrialização e a comercialização de florestas geram cerca de 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos no país, além de um PIB Florestal Brasileiro de US$ 21 bilhões. "Só para ter um exemplo do panorama aqui no nosso Estado, em 2005 o complexo florestal do Paraná exportou US$ 1.268.971 e o complexo de soja US$ 2.303.180", acrescentou.

Estima-se que, com o Programa Florestal no Paraná, serão gerados cerca de 100 mil empregos diretos e 350 mil indiretos, além de aumento do volume das exportações em US$ 400 milhões. Atualmente o setor conta com aproximadamente 500 serrarias e mais de 1200 indústrias de móveis, papel, celulose e aglomerados que são abastecidos por uma área de florestas plantadas de cerca de 560 mil hectares.

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