A grande estiagem na região Sul, que provocou perdas em culturas importantes como a soja, pode fazer com que a safra brasileira de grãos termine o ano de 2005 em nível menor do que a do ano passado, revela levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado hoje (31). Em 2004, a safra, de 119 milhões de toneladas, já tinha sido 3,68% menor do que a de 2003.
O coordenador de agropecuária do intituto, Carlos Alberto Lauria, informou que a pesquisa de fevereiro aponta previsão de safra de 120,951 milhões de toneladas para esse ano. A previsão é ainda 1,57% acima do registrado no ano passado (119 085 milhões de toneladas), mas 10,09% abaixo da estimativa feita em janeiro, quando o IBGE projetava safra de 134,522 milhões para este ano.
No início da semana, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, já havia alertado para a possibilidade de a safra de grãos 2005 ser ainda menor do que os 119 milhões de toneladas previstos pela Conab, depois da quebra de safra no Sul. Segundo ele, o volume estimado poderá ser menor por causa da seca que ainda não foi totalmente controlada no Rio Grande do Sul e também pela perspectiva de queda na safrinha do milho.
Lauria informou hoje (31) que, entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005, a perda na safra nacional girou em torno de 14 milhões de toneladas de grãos, devido a problemas climáticos. Ele ressaltou que a extensão total de prejuízos decorrentes dos efeitos negativos do clima ainda não foi computada.
"Quando for registrado o prejuízo total, a previsão de safra de 2005 pode ser menor do que a de 2004", admitiu. Ele considera que o IBGE só poderá ter uma visão mais completa dos prejuízos da seca na Região Sul em maio, quando será anunciado o levantamento da safra de abril.
O técnico lamentou o cenário atual, lembrando que entre os anos de 2001 e 2003, a safra brasileira bateu recordes em cima de recordes. A região Sul, no último levantamento de fevereiro, representou 34,20% de participação no total da safra de grãos do País, perdendo apenas para a região Centro-Oeste (38 59%).
Além da estiagem no Sul, as atenções do departamento de agropecuária do IBGE também estão voltadas para o Mato Grosso do Sul, onde os primeiros trabalhos de campo apontam queda acima de um milhão de toneladas somente na cultura de soja.
"Lá começou a chover. E, como nessa época se inicia a coleta da produção, a chuva pode atrapalhar", afirmou Lauria. Ele disse ainda que a extensão total dos prejuízos causados por problemas climáticos no Mato Grosso do Sul, ainda não foram computados. Também ainda não é conhecida a extensão total dos prejuízos causados pela seca na região Sul. "Infelizmente o destaque dessa pesquisa de fevereiro é a seca, os problemas climáticos. Agora, vamos esperar que o prejuízo dessa situação seja o menor", afirmou.
Lauria considera que o Rio Grande do Sul foi um dos estados mais afetados por problemas climáticos. "Que eu me lembre, nunca tinha visto uma seca tão intensa assim no Rio Grande do Sul", afirmou. Lauria lembrou que a soja representa 40% do total da safra de grãos no Brasil, e foi uma das culturas mais afetadas pelos problemas climáticos.
No levantamento de fevereiro, houve queda de 13,23% na previsão de safra da soja para esse ano, ante a previsão da mesma pesquisa em janeiro, com as estimativas de produção de soja atingindo 54,794 milhões de toneladas para esse ano. O milho primeira safra, também foi bastante afetado e tem previsão de atingir 28,162 milhões este ano, o que representa uma queda de 11,48% ante a previsão de janeiro.