Florianópolis (AE) – Santa Catarina tem 160 municípios em estado de emergência devido à estiagem, que se repete pelo terceiro ano consecutivo, com prejuízos estimados na agricultura em cerca de R$ 370 milhões. A maior parte das perdas ocorreu na safra de verão de milho, explicou o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Enori Barbieri. ?Dos 4 milhões de toneladas previstas, colhemos um milhão a menos?, contou sobre o resultado que prejudicou principalmente os pequenos produtores.
?No momento, não há nenhuma cultura de grãos em andamento. Por isso, os problemas estão sendo sentidos principalmente na pecuária de leite, onde houve queda de produção de 20%?, afirmou Barbieri. Agora, os animais estão sendo alimentados com a silagem que deveria ser utilizada somente entre julho e agosto. Se não voltar a chover, há prenúncio de crise para os 60 mil produtores de leite no Estado. O único benefício da seca foi que a redução na produção acabou sustentando os preços do produto.
O Ministério da Integração Nacional já anunciou a liberação de R$ 10 milhões para os municípios atingidos pela estiagem, além de outros R$ 34 milhões para projetos de emergência que ainda devem ser analisados pelo ministério. O dinheiro deve ser usado em obras de captação, armazenamento e distribuição de água, além da proteção de fontes de água beneficiando mais de 1,2 milhão de pessoas.
Para Barbieri, é indiferente que os recursos que vierem a ser destinados a Santa Catarina sejam os R$ 55 milhões necessários ou os R$ 10 milhões prometidos. Segundo ele, as exigências burocráticas impedem que os municípios consigam os recursos. O vice-presidente da Faesc, que também é vice-prefeito de Xanxerê, disse que o dinheiro só é liberado para projetos feitos pela Defesa Civil e técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina, que nem sempre são adequados. ?A construção de cisternas para armazenar água de chuva é inútil em uma cidade onde chove muito pouco. Nós precisamos é de redes de abastecimento.?
De acordo com a Epagri, responsável pelo serviço de meteorologia do governo catarinense, os baixos volumes de chuva têm sido registrados desde novembro do ano passado, repetindo os ciclos de estiagem e de distribuição irregular das chuvas iniciados em 2001. Em abril e maio deste ano choveu apenas 20% da média histórica para o período.
São Paulo
A estiagem que já dura 75 dias reduziu em 50% a previsão de safra para o trigo e para a safrinha de milho no Estado de São Paulo. A produção de trigo, que no ano passado atingiu 2,4 milhões de sacas de 60 quilos, deve ficar em torno de 1,3 milhão de sacas este ano. A safrinha de milho, que rendeu 13,2 milhões de sacas em 2005, vai produzir entre 6 e 7 milhões. Os agricultores deixarão de faturar R$ 102 milhões com as duas culturas de inverno mais tradicionais do estado.