Seade/Dieese informa que desemprego deve crescer em março

Os técnicos da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) prevêem que a taxa de desemprego das seis regiões metropolitanas – Belo Horizonte, Distrito Federal, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo -, abrangidas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), deverá crescer em março, mantendo a sazonalidade (variação que ocorre numa série temporal nos mesmos meses do ano) verificada ao longo dos anos.

"Pode até haver geração de postos de trabalho, mas a tendência é que mais pessoas voltem a procurar trabalho a partir de março, o que provoca efeitos estatísticos de aumento do desemprego", explicou, em entrevista à imprensa, o diretor-técnico do Dieese Clemente Ganz Lúcio.

Na Grande São Paulo, a taxa de desemprego ficou em 15,3% em fevereiro, resultando numa estimativa de 1,54 milhão de desempregados. De acordo com a PED, houve uma queda de 94 mil ocupados em fevereiro em relação a janeiro, resultado de 87 mil cortes na indústria, 35 mil demissões em outros setores, concentrados em serviços domésticos e construção civil, e mais 16 mil demissões em serviços. Apenas o comércio aumentou as ocupações, com 44 mil cargos criados.

Na avaliação dos técnicos das duas instituições, o setor de comércio tem se favorecido pela ampliação do crédito e pelo aumento da massa de rendimentos. Por outro lado, a indústria tem sofrido com três movimentos simultâneos, capazes de desestimular a geração de postos: aumento das importações; queda das exportações; e estoques ainda elevados.

"A situação dos estoques é relevante, mas há também um impacto muito forte da valorização do câmbio. Além de deixar de exportar a indústria tem sofrido muito com as importações, sobretudo, de produtos chineses", afirmou o gerente de análise da PED pela Fundação Seade, Alexandre Loloian.

Nas seis regiões metropolitanas analisadas, a indústria apresentou queda da taxa de ocupação de 0,8% em fevereiro de 2007, ante o mesmo mês do ano passado, resultando em 65 mil demissões. Em São Paulo, na mesma base comparativa, os cortes atingiram 56 mil trabalhadores, ou seja, -3,4% das ocupações.

No mesmo período, a ocupação do comércio da capital paulista cresceu 8,8%, criando 119 mil postos, ao passo que, no conjunto das seis regiões metropolitanas, a oscilação foi de 6,2%, com 160 mil cargos criados. "O incremento do comércio parece ser feito cada vez menos com produtos verde e amarelo", enfatizou Loloian.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo