Florianópolis – Um novo surto de mortandade de camarões nas fazendas de cultivo no sul de Santa Catarina levou a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epagri) a interditar 29 propriedades. O problema começou a ser detectado há 15 dias e a principal suspeita é de que tenha ressurgido o vírus da mancha branca, que causou prejuízo estimado de R$ 7 milhões no início deste ano. Os exames para confirmar a causa ficarão prontos em 10 dias.
O vírus da mancha branca provocou, em janeiro, a morte dos camarões de cativeiro cultivados em 19 propriedades em Laguna e Imaruí, com uma perda de 200 toneladas. De acordo com especialistas, a mancha branca é uma doença específica de crustáceos. O camarão branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei) é uma espécie exótica, que foi introduzida no Brasil há 10 anos e hospedeira natural do vírus, que é inofensivo para o ser humano.. Condições inadequadas de manejo teriam sido a principal causa do surgimento do foco.
Para tentar erradicar o problema, os tanques das fazendas foram drenados após a última safra, passando por um processo de desinfecção. Os técnicos acreditam que, como o repovoamento para a atual safra tenha ocorrido em setembro em 55 das 108 fazendas de camarão de Santa Catarina, quando a temperatura ainda estava abaixo do ideal, tenham sido criadas condições para o vírus se tornar ativo novamente. Os camarões afetados apresentam pintas brancas na casca, ficam lentos e comem menos, morrendo em seguida. Em poucos dias após o surgimento dos primeiros sintomas a mortalidade é de 100% nos tanques.
"A mancha branca é uma doença oportunista. Ataca quando os organismos estão com baixa resistência", explicou Roni Barbosa, consultor de Defesa Sanitária da Secretaria da Agricultura de Santa Catarina. A nova ocorrência pode reduzir mais a expectativa de faturamento da produção catarinense de camarões. No início do ano, projeções indicavam uma queda de R$ 50 milhões em 2004 para R$ 43 milhões em 2005. O Estado participa com cerca de 5% da produção nacional de camarão de cativeiro, atividade que se concentra principalmente no Nordeste.
O bloqueio sanitário necessário para evitar que o vírus se espalhe para outras regiões produtoras e se repita o que ocorreu em outros países. A mancha branca provocou quebra de 50% da safra de camarões de cativeiro do Equador, um dos maiores produtores da América Latina. Em Taiwan, os criadores não conseguiram conter a doença e substituíram a atividade.